Medicina circadiana
Controlar nosso relógio biológico, ou ritmo circadiano, por meio de luz intensa e terapia cronometrada dos medicamentos pode ajudar a prevenir e até mesmo tratar uma variedade de condições do sistema circulatório, incluindo doenças cardíacas.
"O impacto dos ritmos circadianos na função cardiovascular e no desenvolvimento de doenças está bem estabelecido," disse o Dr. Tobias Eckle, da Universidade do Colorado (EUA). "No entanto, estudos pré-clínicos translacionais direcionados à biologia circadiana do coração estão surgindo agora e estão levando ao desenvolvimento de um novo campo da medicina denominado medicina circadiana".
Os ritmos circadianos influenciam significativamente o funcionamento do sistema cardiovascular, para o qual tempo é tudo: A pressão arterial e os batimentos cardíacos seguem padrões distintos, atingindo picos durante o dia e diminuindo à noite. Quando esses ciclos são interrompidos, isso leva a piores resultados em doenças cardiovasculares, incluindo infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca.
Como relógio biológico e ciclos dia/noite estão intimamente ligados, a luz é fundamental para manter o equilíbrio e funcionamento adequados do corpo, mas os problemas vão se agravando quanto mais nos afastamos nos ciclos naturais do dia e da noite. Por exemplo, funcionários em turnos que podem trabalhar durante a noite e depois durante o dia geralmente apresentam piores resultados cardíacos.
Eckle então decidiu fazer uma revisão dos estudos científicos publicados até agora sobre a medicina circadiana, concentrando-se no uso de terapia de luz intensa após cirurgia, na qual a luz é utilizada para tratar lesões cardíacas, e na administração de medicamentos em horários específicos do dia para coincidir com o funcionamento interno do corpo.
Luz e hora certa para o coração
A conclusão principal é que a luz intensa pode ajudar a curar o corpo após uma cirurgia cardíaca, ao mesmo tempo que o protege de lesões durante a cirurgia, inclusive reduzindo as chances de isquemia cardíaca.
Segundo os pesquisadores, quando a luz atinge o olho humano, ela é transmitida ao núcleo supraquiasmático, uma estrutura no hipotálamo do cérebro que regula a maioria dos ritmos circadianos do corpo. A luz intensa estabiliza um gene chamado PER2 e aumenta os níveis de adenosina, que bloqueia os sinais elétricos no coração que causam ritmos irregulares, tornando o gene um protetor cardíaco.
A troponina, uma proteína chave cuja elevação pode sinalizar um ataque cardíaco ou derrame, também apresentou níveis mais baixos após a aplicação da terapia de luz intensa.
Dadas as evidências crescentes de que a luz intensa e os tratamentos medicamentosos cronometrados são eficazes, é hora de avançar com mais ensaios clínicos, defende a equipe.
"Os ritmos circadianos desempenham um papel crucial na saúde cardiovascular, influenciando o momento do início e a gravidade dos eventos cardiovasculares e contribuindo para o processo de cura da doença," disse Eckle. "Estudos em humanos são claramente necessários. Em relação à terapia com luz intensa, a cronoterapia e a alimentação restrita são estratégias de baixo risco que devem ser testadas o quanto antes."
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