Meditação não é placebo
A dor é uma experiência complexa e multifacetada, moldada por vários fatores além da sensação física, o que inclui a mentalidade da pessoa e suas expectativas sobre a dor.
O efeito placebo, a tendência dos sintomas de uma pessoa melhorarem em resposta a um tratamento inócuo, é um exemplo bem conhecido de como as expectativas podem alterar significativamente a experiência de uma pessoa.
Por sua vez, a meditação, que tem sido usada para o controle da dor em várias culturas por séculos, costuma ter sua eficácia justificada por hipoteticamente ativar a resposta placebo, embora não haja evidências científicas para isso.
E, de fato, cientistas acabam de demonstrar que não é esse o caso: Um estudo focado justamente nessa hipótese revelou que a meditação da mente alerta envolve mecanismos cerebrais distintos para reduzir a dor, em comparação com os mecanismos cerebrais que operam durante a resposta placebo.
O estudo usou técnicas avançadas de imagem cerebral para comparar os efeitos de redução da dor pela meditação, pelo uso de um creme placebo, sem qualquer efeito, e por uma "meditação simulada".
Os cientistas descobriram que a meditação da mente alerta produziu reduções significativas na intensidade da dor e nas classificações de desconforto da dor, e também reduziu os padrões de atividade cerebral associados à dor e às emoções negativas. Em contraste, o creme placebo reduziu apenas o padrão de atividade cerebral já reconhecidamente associado ao efeito placebo, sem afetar a experiência subjacente de dor da pessoa.
Diferenças entre meditação e efeito placebo
Embora o creme placebo e a meditação simulada também tenham diminuído a dor, a meditação foi significativamente mais eficaz na redução da dor quando comparada com todos os demais casos.
A equipe também descobriu que o alívio da dor baseado na atenção plena reduziu a sincronização entre as áreas cerebrais envolvidas na introspecção, autoconsciência e regulação emocional. Essas partes do cérebro juntas compreendem o sinal neural da dor, um padrão bem documentado de atividade cerebral que se acredita ser comum à dor em diferentes indivíduos e diferentes tipos de dor.
Em contraste, o creme placebo e a meditação simulada não mostraram uma mudança significativa nesse sinal neural da dor quando comparada aos controles. Em vez disso, essas outras intervenções envolveram mecanismos cerebrais inteiramente separados, com pouca sobreposição.
"A mente é extremamente poderosa, e ainda estamos trabalhando para entender como ela pode ser aproveitada para o controle da dor," disse o Dr. Fadel Zeidan, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA). "Ao separar a dor do eu e abrir mão do julgamento avaliativo, a meditação da atenção plena é capaz de modificar diretamente como sentimos a dor de uma forma que não usa medicamentos, não custa nada e pode ser praticada em qualquer lugar."
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