Esclerose Lateral Amiotrófica
Estudo desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp abordou um dos problemas mais sérios que acometem os portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): a função respiratória.
A doença é caracterizada pela morte neural dos músculos responsáveis pela deglutição, fala, de membros inferiores e superiores, e acaba por também atingir a musculatura pulmonar.
É comum os pacientes apresentarem insuficiência respiratória e quadros de pneumonia que, se não tratados devidamente, causam a morte precoce do paciente.
Síndrome incurável
"Como se trata de uma síndrome neurodegenerativa rara, sem causa definida e incurável, avaliar a função respiratória pode melhorar a qualidade de vida do paciente com terapêuticas apropriadas. É importante considerar que além dos problemas respiratórios, os portadores da doença em estágios avançados não andam, não falam e não conseguem deglutir o alimento. Por isso, as medidas precisam ser paliativas", destaca a autora do estudo, a fisioterapeuta Sara Regina Meira Almeida. A pesquisa foi orientada pelo neurologista e professor da FCM Carlos Alberto Mantovani Guerreiro.
No total foram acompanhados, durante um ano, 16 pacientes que apresentavam o diagnóstico definido ou provável de ELA atendidos no Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital das Clínicas da Unicamp.
Os voluntários faziam ainda uso frequente do medicamento riluzole - único fármaco existente no mercado capaz de retardar por um tempo a evolução da doença. Cada um deles foi avaliado de dois em dois meses a partir de marcadores respiratórios como espirometria, pressão expiratória e inspiratória máxima, gasometria arterial e oximetria de pulso.
Padrão ouro
Todos estes parâmetros juntos são importantes para avaliar e acompanhar o comprometimento da função respiratória no paciente com ELA. Neste sentido, a ideia inicial seria aplicar cada um deles nos enfermos e criar um protocolo para avaliação do comprometimento e o melhor momento de se introduzir a ventilação mecânica não invasiva.
Segundo Sara, a evolução da doença caminha sempre para que o paciente necessite de suporte de aparelhos para respirar ou mesmo realizar o procedimento de traqueostomia. No entanto, o estudo mostrou que a evolução em cada indivíduo ocorre de maneira singular e não se consegue definir um instrumento como padrão ouro para o momento da decisão.
"Existem protocolos americanos, europeus e outros. Mas, no Brasil, ainda não se tem esta definição e, no estudo, observei que, para cada paciente, tanto a evolução como a sintomatologia na doença se dão de uma forma diferente", esclarece.
Fraqueza respiratória
Entre os resultados da pesquisa, Sara constatou também que, quanto menor o índice de massa corpórea (IMC) - que indica a quantidade de massa muscular do indivíduo -, maior a fraqueza respiratória.
Isto significa que a avaliação do paciente deve ocorrer de forma interdisciplinar, pois em geral o portador precisa de assistência médica especializada, além de fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista e psicólogo. A pesquisa apontou a pressão parcial de gás carbônico como um dos métodos eficazes para se avaliar o comprometimento respiratório.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Neurociências | Cérebro | Diagnósticos | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.