Sono e intestino
É bem sabido que, para ter boa saúde, devemos começar dormindo bem.
O que só agora a ciência vem descobrindo é que nosso sono é fortemente impactado pelo que acontece no nosso intestino.
Por exemplo, um sono ruim afeta negativamente o microbioma intestinal, o que, por sua vez, pode levar a problemas adicionais de saúde. Isso porque há uma forte e extensa comunicação bidirecional entre nosso cérebro e nosso intestino, uma conexão agora amplamente pesquisada por suas ligações com a doença de Parkinson.
Sinal para acordar
E essa conexão entre sono e intestino acaba de ter mais um dos seus mecanismos desvendado por Iris Titos e Dragana Rogulja, pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA), que identificaram uma conexão crítica entre o cérebro e o intestino.
Se o mesmo mecanismo for confirmado em humanos, os resultados podem levar a novas maneiras de melhorar o sono e reduzir os danos causados pela privação do sono.
Os pesquisadores identificaram um gene que codifica uma molécula chamada CCHa1, que está presente tanto no sistema nervoso quanto no intestino. Mexer com ela no cérebro não fez diferença, mas quando ela foi retirada do intestino, os animais de laboratório passaram a acordar muito mais facilmente.
Enquanto um determinado nível de vibração fazia com que 20% dos animais acordassem, após a inibição da CCHa1 nada menos do que 90% dos animais passaram a acordar.
As células do intestino que produzem CCHa1 são chamadas de células enteroendócrinas, compartilhando muitas características com os neurônios - elas podem até se conectar e se comunicar com os neurônios. Essas células estão voltadas para o interior do intestino, medindo continuamente o conteúdo do intestino. Essas informações são passadas ao cérebro, influenciando o sono ou a facilidade de acordarmos.
Sono envolve o corpo todo
Esta é mais uma comprovação de que, quando se trata de um bom sono, não é suficiente olhar para o cérebro.
"Por muito tempo, os cientistas foram guiados pelo princípio de que o sono é do cérebro, pelo cérebro e para o cérebro. Como resultado, a pesquisa se concentrou amplamente no cérebro em termos de busca de razões pelas quais o sono é necessário para a sobrevivência. No entanto, agora estamos percebendo que, embora o sono possa ser para o cérebro, não é apenas para o cérebro. O sono é um comportamento super antigo que achamos ter se originado nos primeiros animais [a existirem na Terra]. Esses animais não tinham cérebro; eles só tinham um sistema nervoso muito simples," disse a professora Rogulja.
"Nossa pesquisa nos diz que precisamos parar de pensar no cérebro separadamente do corpo quando se trata de dormir. Ainda estou chocada com o grau em que os neurocientistas tendem a pensar que o cérebro tem superioridade sobre o corpo e está no topo de uma hierarquia. Para resolver os maiores mistérios da neurociência, precisamos adotar uma abordagem mais integrada. Descobrimos que realmente precisamos pensar em todo o corpo para entender o sono. E faz sentido. Quando você vai dormir, seus músculos relaxam, sua circulação muda. É claro, isso envolve todo o corpo," concluiu a pesquisadora.
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