Segurança internacional
Para Deisy Ventura, pesquisadora da USP, a saúde já é definitivamente uma questão de segurança internacional.
Ela cita como exemplo o caso de gripe A (H1N1), que envolveu a ação da ONU e foi objeto de uma série de polêmicas.
A pesquisadora analisou o processo de tomada de decisões pela OMS que resultou na declaração da primeira emergência de saúde pública de importância internacional.
A classificação de emergência sanitária não diz respeito exclusivamente às doenças, mas a qualquer agravo à saúde que corresponda às descrições do regulamento de 2005.
Para isso, ela foi buscar informações no Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, em Genebra, na Suíça, onde fica a sede da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Influência nefasta
Deisy concluiu que a OMS cedeu às pressões da indústria farmacêutica, embora o tenha feito de modo muito sofisticado, já que não se valeu da corrupção ou da influência explícita, mas sim da influência dos especialistas da OMS que possuem vínculos com o setor privado.
Contudo, "se por um lado fica evidente a influência que o setor privado exerce dentro da OMS, por outro, a Organização tem uma importância fundamental na comunicação e na disseminação de conhecimento científico em saúde pelo mundo", comenta Deisy.
Sem intenções de desgastar a imagem da Organização, a professora ressalta o quanto o Regulamento Sanitário Internacional é crucial para a governança da saúde pública, uma vez que é um instrumento dos Estados.
"A minha preocupação é que quando tivermos, de fato, um evento gravíssimo, como uma pandemia com alto grau de contágio e de mortalidade, a Organização se encontre desgastada por esse episódio", revela.
Formação de especialistas independentes
Uma das soluções apontadas por ela reside na responsabilidade do Estado em promover a formação de especialistas, além da pesquisa em desenvolvimento na área da saúde e de medicamentos.
"É necessário que as instituições públicas formem especialistas independentes", afirma Deisy. "É natural que a indústria privada financie pesquisas que são de seu interesse, numa lógica de mercado. Cabe ao Estado obrigá-la a financiar a pesquisa sobre as doenças que são negligenciadas".
A pesquisadora colocou todas as informações e as discussões em um livro, chamado Direito e Saúde Global - O caso de pandemia da gripe A (H1N1).
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Ética | Epidemias | Saúde Pública | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.