05/09/2013 Pandemias: Saúde vira questão de direito internacionalRedação do Diário da Saúde
A pesquisadora concluiu que a OMS cedeu às pressões da indústria farmacêutica, embora o tenha feito de modo muito sofisticado. [Imagem: Marcos Santos/USP Imagens]
Segurança internacional Para Deisy Ventura, pesquisadora da USP, a saúde já é definitivamente uma questão de segurança internacional. Ela cita como exemplo o caso de gripe A (H1N1), que envolveu a ação da ONU e foi objeto de uma série de polêmicas. A pesquisadora analisou o processo de tomada de decisões pela OMS que resultou na declaração da primeira emergência de saúde pública de importância internacional. A classificação de emergência sanitária não diz respeito exclusivamente às doenças, mas a qualquer agravo à saúde que corresponda às descrições do regulamento de 2005. Para isso, ela foi buscar informações no Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, em Genebra, na Suíça, onde fica a sede da Organização Mundial da Saúde (OMS). Influência nefasta Deisy concluiu que a OMS cedeu às pressões da indústria farmacêutica, embora o tenha feito de modo muito sofisticado, já que não se valeu da corrupção ou da influência explícita, mas sim da influência dos especialistas da OMS que possuem vínculos com o setor privado. Contudo, "se por um lado fica evidente a influência que o setor privado exerce dentro da OMS, por outro, a Organização tem uma importância fundamental na comunicação e na disseminação de conhecimento científico em saúde pelo mundo", comenta Deisy. Sem intenções de desgastar a imagem da Organização, a professora ressalta o quanto o Regulamento Sanitário Internacional é crucial para a governança da saúde pública, uma vez que é um instrumento dos Estados. "A minha preocupação é que quando tivermos, de fato, um evento gravíssimo, como uma pandemia com alto grau de contágio e de mortalidade, a Organização se encontre desgastada por esse episódio", revela. Formação de especialistas independentes Uma das soluções apontadas por ela reside na responsabilidade do Estado em promover a formação de especialistas, além da pesquisa em desenvolvimento na área da saúde e de medicamentos. "É necessário que as instituições públicas formem especialistas independentes", afirma Deisy. "É natural que a indústria privada financie pesquisas que são de seu interesse, numa lógica de mercado. Cabe ao Estado obrigá-la a financiar a pesquisa sobre as doenças que são negligenciadas". A pesquisadora colocou todas as informações e as discussões em um livro, chamado Direito e Saúde Global - O caso de pandemia da gripe A (H1N1). Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=pandemias-saude-vira-questao-direito-internacional A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |