Você já se perguntou por que há tantos vice-presidentes nas empresas?
Ou como tantas pessoas parecem ter feito cursos com nomes pomposos em universidades cujos nomes não soam tão forte?
E você já se deu conta de quanto as apresentações de Power Point e o linguajar típico das empresas parecem cada vez mais sem sentido?
Estupidez nas empresas
Segundo o professor Mats Alvesson, da Universidade de Lund, na Suécia, o que está acontecendo é o que ele chama de "estupidez funcional" nas organizações.
Em um mundo onde a crise é um componente cada vez mais presente, a sociedade ocidental parece sentir necessidade de criar coisas que pareçam importantes, para substituir o ritmo de crescimento econômico que se acreditava sem limites nas décadas passadas.
Segundo o pesquisador, isso transformou a cultura contemporânea em uma cultura de grandiosidade e narcisismo, onde se buscam não apenas bens de consumo, mas sobretudo "bens posicionais" - aqueles que nos obrigam a nos comparar com os outros.
Isso tem empurrado todos para uma verdadeira corrida armamentista em busca de status e reforço da autoimagem, o que por sua vez tem inflado nossa retórica e os nomes dos nossos cursos e cargos.
Armadilhas do sucesso
Segundo o pesquisador, hoje todo mundo precisa de um título para melhorar o currículo, independentemente daquilo que a pessoa aprende - quando aprende.
Isso criou um mundo cheio de "imageologistas", profissionais preocupados com a superfície que esconde sua substância real.
Ora, quando todos tiverem lustrado à exaustão sua própria imagem, será que ainda haverá um lugar ao sol para todos?
Segundo o professor Alvesson, a receita "Melhore seu CV para conseguir o emprego dos seus sonhos" não vai funcionar para mais do que uma minoria.
Talvez a pergunta mais intrigante que Alvesson nos obriga a enfrentar seja: Estamos criando toda uma geração fadada à decepção?
O acesso às armadilhas do sucesso (uma titulação acadêmica sonante, um smartphone chamativo e a roupa da última moda) não significa necessariamente que todos possam chegar à frente - isso seria tão factível quanto colocar no topo da pirâmide o mesmo número de tijolos que há na base.
"Na verdade, o que estamos escondendo por trás do marketing pessoal e da autopromoção?", questiona o pesquisador.
"Enquanto o mundo ocidental passa por uma turbulência econômica prolongada, nossas vitrines correm o risco de exporem o que elas são - uma maneira de esconder as nossas falhas," ele mesmo responde.
Segundo o pesquisador, nós já não estamos simplesmente "mantendo as aparências", mas sim correndo em alta velocidade em um jogo global de soma zero.
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