27/06/2013

Mito da Economia do Conhecimento expõe armadilhas do sucesso

Redação do Diário da Saúde
Mito da Economia do Conhecimento expõe armadilhas do sucesso
Nós já não estamos simplesmente "mantendo as aparências", mas sim correndo em alta velocidade em um jogo global de soma zero.[Imagem: Lund University]

Você já se perguntou por que há tantos vice-presidentes nas empresas?

Ou como tantas pessoas parecem ter feito cursos com nomes pomposos em universidades cujos nomes não soam tão forte?

E você já se deu conta de quanto as apresentações de Power Point e o linguajar típico das empresas parecem cada vez mais sem sentido?

Estupidez nas empresas

Segundo o professor Mats Alvesson, da Universidade de Lund, na Suécia, o que está acontecendo é o que ele chama de "estupidez funcional" nas organizações.

Em um mundo onde a crise é um componente cada vez mais presente, a sociedade ocidental parece sentir necessidade de criar coisas que pareçam importantes, para substituir o ritmo de crescimento econômico que se acreditava sem limites nas décadas passadas.

Segundo o pesquisador, isso transformou a cultura contemporânea em uma cultura de grandiosidade e narcisismo, onde se buscam não apenas bens de consumo, mas sobretudo "bens posicionais" - aqueles que nos obrigam a nos comparar com os outros.

Isso tem empurrado todos para uma verdadeira corrida armamentista em busca de status e reforço da autoimagem, o que por sua vez tem inflado nossa retórica e os nomes dos nossos cursos e cargos.

Armadilhas do sucesso

Segundo o pesquisador, hoje todo mundo precisa de um título para melhorar o currículo, independentemente daquilo que a pessoa aprende - quando aprende.

Isso criou um mundo cheio de "imageologistas", profissionais preocupados com a superfície que esconde sua substância real.

Ora, quando todos tiverem lustrado à exaustão sua própria imagem, será que ainda haverá um lugar ao sol para todos?

Segundo o professor Alvesson, a receita "Melhore seu CV para conseguir o emprego dos seus sonhos" não vai funcionar para mais do que uma minoria.

Talvez a pergunta mais intrigante que Alvesson nos obriga a enfrentar seja: Estamos criando toda uma geração fadada à decepção?

O acesso às armadilhas do sucesso (uma titulação acadêmica sonante, um smartphone chamativo e a roupa da última moda) não significa necessariamente que todos possam chegar à frente - isso seria tão factível quanto colocar no topo da pirâmide o mesmo número de tijolos que há na base.

"Na verdade, o que estamos escondendo por trás do marketing pessoal e da autopromoção?", questiona o pesquisador.

"Enquanto o mundo ocidental passa por uma turbulência econômica prolongada, nossas vitrines correm o risco de exporem o que elas são - uma maneira de esconder as nossas falhas," ele mesmo responde.

Segundo o pesquisador, nós já não estamos simplesmente "mantendo as aparências", mas sim correndo em alta velocidade em um jogo global de soma zero.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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