Exame para medir proteína tau
Pesquisadores canadenses estão desenvolvendo um exame de sangue simples que promete detectar a doença de Alzheimer, hoje diagnosticada apenas mediante a verificação dos sintomas.
Thomas Karikari e seus colegas da Universidade McGill desenvolveram uma técnica que mede com precisão uma das proteínas implicadas no Alzheimer - a proteína P-tau181.
A quantidade de P-tau181 no sangue funciona como uma medida indireta da hiperfosforilação da proteína tau no cérebro, que é uma das características da doença, juntamente com as placas causadas pela proteína amiloide beta.
Antes dessa descoberta, a detecção das proteínas e a confirmação do diagnóstico da doença de Alzheimer só eram possíveis por exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET) e punções lombares invasivas - ou autópsia.
"Foi um desafio, porque essas proteínas estão em quantidades muito baixas no sangue. O novo ensaio é sensível o suficiente para detectar até os níveis muito baixos da proteína no sangue em pacientes que não mostram sinais de comprometimento cognitivo.
"Se você comparar com os testes mais sofisticados, como PET ou líquido cefalorraquidiano (LCR), vimos que eles são quase os mesmos para várias aplicações. Os resultados foram surpreendentes. Ficamos muito surpresos, para ser honesto, e muito empolgados. Não esperávamos que um simples exame de sangue pudesse dar resultados tão semelhantes à técnica PET," disse o professor Tharick Pascoal.
Diagnóstico controverso
A equipe está liderando agora outro ensaio mais amplo, para verificar a utilidade clínica desse biomarcador em ambientes clínicos e testar o desempenho do biomarcador na vida real. Se tudo corresponder ao entusiasmo dos pesquisadores, o teste poderia estar disponível em dois a três anos.
Contudo, há muita controvérsia na comunidade científica e médica sobre o papel das proteínas tau e beta amiloide na doença de Alzheimer - estudos já mostraram, por exemplo, que o acúmulo de placas amiloide não explica incidência de Alzheimer e que a presença da proteína tau no cérebro pode ter efeito protetor contra Alzheimer.
De qualquer forma, o trabalho não será perdido, porque existem várias aplicações clínicas importantes para o teste, como o monitoramento da progressão da doença e como uma maneira de garantir que os voluntários inscritos em ensaios clínicos realmente tenham as características da doença de Alzheimer - até agora, todos os testes clínicos de fármacos voltados para o tratamento de Alzheimer falharam.
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