19/02/2025

Frutas, café, chocolate e vinho reduzem risco de síndrome metabólica

Redação do Diário da Saúde
Frutas, café, chocolate e vinho reduz 23 vezes o risco de síndrome metabólica
Também foi observada redução no risco de desenvolver hipertensão, resistência à insulina e dislipidemia.
[Imagem: Freepik]

Polifenóis

Uma dieta rica em alimentos como uva, morango, açaí, laranja, chocolate, vinho e café pode reduzir em até 23 vezes o risco de síndrome metabólica - conjunto de alterações hormonais e no metabolismo que eleva o risco de o indivíduo desenvolver doenças cardiovasculares.

Foi o que comprovou o maior estudo do mundo, realizado com mais de 6 mil brasileiros, envolvendo os efeitos do consumo de polifenóis - compostos bioativos conhecidos por sua ação antioxidante e anti-inflamatória - na proteção de problemas cardiometabólicos.

"Trata-se de uma boa notícia para quem gosta de frutas, chocolate, café e vinho, alimentos ricos nesses compostos. Embora a relação entre o consumo de polifenóis e a redução do risco de síndrome metabólica já tenha sido identificada em estudos anteriores, ela nunca havia sido verificada em uma população tão grande e ao longo de tanto tempo. Com o resultado da nossa pesquisa, não restam dúvidas: A promoção de dietas ricas em polifenóis pode ser uma estratégia valiosa para reduzir o risco cardiometabólico na população e prevenir a síndrome metabólica," comemorou a professora Isabela Benseñor, da USP (Universidade de São Paulo).

Síndrome metabólica

A síndrome metabólica é caracterizada pela combinação de pressão alta, obesidade abdominal, níveis sanguíneos elevados de açúcar (hiperglicemia), de triglicerídeos e de colesterol (dislipidemia). Geralmente, o diagnóstico é dado quando o indivíduo apresenta pelo menos três desses cinco fatores.

A prevalência da síndrome metabólica está aumentando em proporções epidêmicas em todo o mundo. No Brasil, saltou de 29,6% em 2013 para 33% em 2022, apontam pesquisas previamente publicadas. Entre os 6.378 participantes deste novo estudo, 2.031 desenvolveram a condição.

"Pretendemos nos aprofundar, em futuros estudos, no papel dos polifenóis na proteção contra doenças cardiometabólicas. O que se sabe até agora são questões relacionadas ao poder anti-inflamatório e antioxidante desses compostos, além de uma possível influência positiva na microbiota intestinal," destacou Isabela.

Alimentos com polifenóis

Existem mais de 8 mil tipos de polifenóis já identificados na natureza, sendo que os mais conhecidos e estudados são os ácidos fenólicos (presentes no café e no vinho), os flavonoides (frutas de forma geral, feijão e chocolate), as lignanas (sementes e laranja) e os estilbenos (uva roxa e vinho tinto).

O estudo verificou a frequência da ingestão de 92 alimentos ricos em diferentes classes de polifenóis. Os efeitos de diferentes métodos de cozimento e processamento foram levados em consideração para permitir medições precisas da ingestão desses compostos bioativos.

Os resultados mostraram que um consumo elevado de polifenóis totais (469 miligramas por dia), proveniente de diferentes alimentos, diminuiu em 23% o risco de os indivíduos desenvolverem a síndrome metabólica, em comparação com aqueles que apresentaram um consumo mais baixo (177 mg/d). Uma redução similar do risco foi encontrada para o consumo de ácidos fenólicos, uma classe específica de polifenol abundante no café, vinho tinto e nos chás.

Mas houve ganhos ainda maiores em outros aspectos, com aqueles que ingeriram mais polifenóis apresentando até 30 vezes menos chance de desenvolver pressão arterial elevada, 30 vezes menos chance de apresentar resistência à insulina e 17 vezes menos chance de ter níveis elevados de triglicerídeos.

"A variedade alimentar importa, pois uma das justificativas para os efeitos benéficos dos polifenóis na saúde é a sua capacidade de modular a microbiota intestinal. Esse processo pode estimular o crescimento de bactérias benéficas, conhecidas como probióticas. Porém, quanto mais diversa for a alimentação e mais variadas forem as fontes de polifenóis na dieta, melhor é o efeito na microbiota intestinal e, consequentemente, na saúde do indivíduo," ressaltou a pesquisadora Renata Carnaúba.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Associations Between Polyphenol Intake, Cardiometabolic Risk Factors and Metabolic Syndrome in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil)
Autores: Renata A. Carnauba, Flavia M. Sarti, Camille P. Coutinho, Neuza M. A. Hassimotto, Dirce M. Marchioni, Paulo A. Lotufo, Isabela M. Bensenor, Franco M. Lajolo
Publicação: Journal of Nutrition
DOI: 10.1016/j.tjnut.2024.11.016
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