02/02/2016

Trompas de Falópio são criadas em laboratório

Redação do Diário da Saúde
Trompas de Falópio são criadas em laboratório
Epitélio das tubas uterinas cultivadas em laboratório a partir de células-tronco.
[Imagem: MPI f. Infection Biology]

Trompas de Falópio

Pesquisadores do Instituto Max Planck (Alemanha) cultivaram pela primeira vez em laboratório um modelo das trompas de Falópio humanas.

Esses sistemas-modelo podem ajudar a investigar como as células, os tecidos e os órgãos inteiros funcionam. Para que os resultados sejam confiáveis, os modelos de laboratório devem ser tão semelhantes aos seus equivalentes naturais quanto possível.

As trompas de Falópio - também chamadas de tubas uterinas ou ovidutos - são parte do sistema reprodutor feminino. Medindo de 10 a 15 cm de comprimento, esses tubos ligam os ovários ao útero e facilitam o transporte do ovo fertilizado até o útero. Elas são, portanto, essenciais para uma reprodução bem-sucedida.

Agora a equipe pretende estudar as infecções que ocorrem no órgão, bem como o desenvolvimento de progenitores dos cânceres que podem atingir as trompas de Falópio.

"As trompas de Falópio podem ser cronicamente infectadas por bactérias," explica o professor Thomas Meyer, responsável pela criação do modelo de laboratório, destacando que essas infecções podem levar ao bloqueio das trompas e, em casos graves, à infertilidade.

Órgão artificial

Partindo de células-tronco, a equipe fez com que elas se desenvolvessem até formar a camada mais interna das trompas de Falópio, incluindo uma membrana equivalente ao epitélio mucoso, com suas pregas e projeções.

As células-tronco transformaram-se não apenas nos tipos de células que ocorrem na camada da mucosa, mas também desenvolveram características do órgão como um todo, por exemplo, a sua arquitetura característica.

Usando seu modelo de laboratório, os pesquisadores descobriram duas vias de sinalização que são essenciais para o crescimento contínuo do órgão, vias estas até agora desconhecidas.

Eles também concluíram que a mucosa das trompas de Falópio possuem suas próprias células-tronco, o que resulta em sua renovação contínua.

Câncer ginecológico

Uma das principais preocupações da equipe é estudar o câncer de ovário, uma das formas mais perigosas de câncer ginecológico.

"Os resultados recentes de pesquisa sobre o câncer indicam que as células transformadas [pelo câncer] nas trompas de Falópio podem se espalhar para os ovários," explicou o professor Meyer.

Hoje, os médicos contam com meios limitados para analisar o interior das trompas de Falópio de suas pacientes. Como resultado, as doenças que atingem essa parte do aparelho reprodutor feminino muitas vezes só são diagnosticadas quando atingem um estágio avançado, quando pode ser muito tarde para tratá-las com sucesso.

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