Traumas precoces
Novas pesquisas relacionam experiências estressantes ou traumáticas nos primeiros anos de vida da criança - do nascimento aos 5 anos de idade - à redução do volume do hipocampo na adolescência.
"Essas descobertas nos dizem que pode haver um 'período sensível' no qual o estresse tem maior probabilidade de afetar o desenvolvimento do hipocampo, que está ligado ao aprendizado, à memória e ao humor," afirma Kathryn Humphreys, professora de psicologia da Universidade Vanderbilt (EUA).
As teorias psicológicas estabelecem há muito tempo fases no desenvolvimento infantil que vão até o nascimento, quando ainda não há um envolvimento cognitivo ou perceptual completo.
Contudo, são poucos os estudos que mostram a influência fisiológica dos traumas e eventos estressantes na fase inicial da vida, sobretudo no desenvolvimento do cérebro.
"Dado que o hipocampo sofre mudanças rápidas nos primeiros anos de vida, os efeitos de experiências estressantes durante esse período, mesmo aqueles que a criança não lembra, podem ser particularmente importantes para entender o desenvolvimento dessa região do cérebro," acrescenta Humphreys.
Efeitos mesmo sem lembrança
A equipe da professora Humphreys avaliou 178 adolescentes usando uma versão modificada de um questionário montado para detectar eventos traumáticos na infância. Os pesquisadores examinaram mais de 30 estressores diferentes, incluindo divórcio dos pais, mudança para uma nova comunidade, separação de um ente querido, doença ou morte de um amigo próximo ou membro da família, testemunho de violência e abuso.
A seguir, eles examinaram o cérebro dos adolescentes usando ressonância magnética estrutural.
Os déficits de desenvolvimento foram detectados mesmo quando os voluntários sequer lembravam dos eventos.
"Este trabalho ressalta a plasticidade e vulnerabilidade do cérebro no início da vida," disse Humphreys. "Nossas descobertas têm importantes implicações clínicas, já que o volume menor do hipocampo tem sido associado prospectivamente a vários desfechos, incluindo vulnerabilidade à psicopatologia após trauma, pior resposta ao tratamento antidepressivo e déficits de memória."
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