Tireoidite química autoimune
A pesquisadora Maria Angela Zaccarelli Marino, da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP), descobriu um novo tipo de doença no Brasil.
Ela descreveu a tireoidite química autoimune em um artigo que será publicado no Journal of Clinical Immunology, uma das revistas científicas mais conceituadas sobre imunologia em todo o mundo.
O trabalho, que durou 15 anos, incluiu a análise de mais de 6 mil pessoas, e foi iniciado quando se constatou o aparecimento de uma doença desconhecida na região entre Santo André, Mauá e São Paulo, onde estão instaladas indústrias do setor petroquímico.
Poluição petroquímica afeta a tireoide
Entre os voluntários que moram nas proximidades do parque industrial petroquímico, a tireoidite crônica autoimune passou de 2,5% da população em 1992 para 57,6% em 2001 - não foi registrado aumento significativo para quem morava distante do complexo petroquímico.
A região que concentra as indústrias petroquímicas tinha cinco vezes mais casos de tireoidite crônica autoimune na comparação com a área residencial estudada.
Os resultados levaram a pesquisadora a sugerir o novo tipo de doença: a tireoidite química autoimune, ligada a fatores ambientais, principalmente à poluição por agentes químicos.
"A poluição pode ser o fator desencadeante para formação de anticorpos antitireoideanos, que são substâncias que agridem a glândula tireoide ocasionando a tireoidite crônica autoimune. Os poluentes funcionariam como gatilho para desencadear o problema", explica a Dra. Maria Angela.
Medicamento vitalício
Segundo a pesquisadora, a tireoidite crônica autoimune está relacionada com outras doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, artrite reumatoide, diabetes tipo 1, hepatite crônica autoimune, vitiligo e lúpus eritematoso sistêmico.
"Em crianças, o aumento de casos de tireoidite crônica autoimune foi acima de 40% no período estudado. São dados preocupantes, visto que a doença é a maior causa de hipotireoidismo primário, que se não for tratado adequadamente pode levar a danos irreversíveis".
Pessoas acometidas pela tireoidite crônica autoimune precisam tomar medicamento diariamente, para repor os hormônios que não são mais produzidos pela tireoide afetada pela doença.
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