Terapia fotodinâmica
Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) descobriram uma nova molécula que melhora em centenas de vezes a eficácia das terapias fotodinâmicas.
A terapia fotodinâmica é uma técnica na qual são utilizadas moléculas que são aplicadas no paciente e posteriormente ativadas pela luz. Ao serem ativados, esses fármacos geram substâncias oxidantes capazes de induzir a morte celular, o que torna a técnica uma das mais promissoras para o tratamento do câncer e de diversos tipos de infecção.
O grupo liderado pelo professor Maurício da Silva Baptista desenvolveu uma nova molécula híbrida - formada pelo metal rutênio e diversos tipos de ligantes - que apresentou efeito em menores doses e com menos luz, o que permite que a terapia funcione em camadas mais profundas da derme, onde é mais difícil fazer a luz chegar.
"Esse estudo foi inovador em dois aspectos. Primeiro porque, enquanto a maioria dos fármacos fotossensíveis usados é orgânica, descrevemos uma mistura de elementos orgânicos e inorgânicos. Segundo, pela descrição de um mecanismo de ação diferente e mais poderoso que outros já conhecidos," contou o Dr. Maurício.
Singletes e DNA
De acordo com o pesquisador, há duas técnicas principais envolvendo os fármacos fotossensíveis. Uma delas induz a morte celular pela geração de moléculas de oxigênio singlete, uma substância altamente oxidante que pode danificar proteínas, ácidos nucleicos e a membrana celular. Na outra, as substâncias fotoativadas ligam-se ao DNA existente no núcleo da célula-alvo, impedindo que ela se reproduza.
"O complexo de rutênio age das duas formas ao mesmo tempo. Em testes feitos com cultura de células no laboratório ele se mostrou quatro vezes mais eficiente que um composto que apenas gera oxigênio singlete. Foi ainda cerca de 170 vezes mais eficaz quando comparado a uma substância capaz apenas de se ligar ao DNA", disse Maurício.
Até o momento, os compostos investigados pela equipe foram testados apenas em culturas celulares em laboratório. Segundo Maurício, é preciso haver interesse da indústria farmacêutica para que a pesquisa possa avançar para a fase de experimentos em cobaias e, posteriormente, em seres humanos.
"Já foram descritos em todo o mundo centenas de fármacos fotossensíveis mais eficientes que os atualmente usados. Mas, até hoje, menos de dez avançaram para a clínica. As farmacêuticas resistem, pois não estão acostumadas a lidar com a luz. É preciso novas parcerias para criar algo totalmente diferente em sua linha de produção," explicou o pesquisador
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