Tratamento do câncer com luz
Os pacientes com câncer de pele não melanoma logo poderão contar com uma nova tecnologia para o tratamento não invasivo desse tipo de tumor cutâneo - o mais frequente no Brasil e no mundo.
Um grupo de pesquisadores do Instituto de Física da USP de São Carlos desenvolveu um aparelho para o diagnóstico e o tratamento óptico - usando luz - do câncer de pele não melanoma com resultados promissores, principalmente na eliminação de tumores iniciais.
Os resultados dos ensaios clínicos mostraram que o tratamento foi capaz de eliminar 95% dos tumores, sem efeitos colaterais, causando apenas leve vermelhidão no local e sem a formação de cicatriz.
"O dispositivo foi desenvolvido no Brasil, com tecnologia totalmente nacional", destaca a professora Cristina Kurachi, uma das autoras da técnica.
Terapia fotodinâmica
O equipamento, fabricado pela empresa emergente MM Optics, fundada pelos pesquisadores, é composto por um aparelho capaz de reconhecer e verificar a extensão de lesões tumorais por fluorescência óptica em minutos.
Após a identificação da lesão, é aplicada no local uma pomada à base de metilaminolevulinato (MAL) - um derivado do ácido 5-aminolevulínico (ALA) -, desenvolvida por outra empresa emergente, a PDT-Pharma, também oriundo do meio acadêmico. Após duas horas de contato com a pele, o composto é absorvido e dá origem, no interior das mitocôndrias das células tumorais, à protoporfirina - pigmento fotossensibilizante "primo" da clorofila.
Após remover a pomada da lesão, a região é irradiada por 20 minutos com um dispositivo contendo uma fonte de luz LED vermelha. A luz ativa a protoporfirina e desencadeia uma série de reações nas células tumorais, gerando espécies reativas de oxigênio capazes de eliminar as lesões. Já os tecidos sadios são preservados.
Após o procedimento, são geradas imagens de fluorescência - também por meio do equipamento - para assegurar a irradiação total das lesões.
O tratamento ocorre em duas sessões, com intervalo de uma semana entre elas. Após 30 dias, as lesões são reavaliadas e submetidas a uma biópsia para confirmar se os tumores foram eliminados.
O procedimento está em processo de avaliação para ser implementado no Sistema Único de Saúde (SUS).
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