Mania de suplementos
As pesquisas científicas não mostram evidências suficientes de que os suplementos vitamínicos ou minerais sejam benéficos para prevenir ou tratar doenças cardiovasculares.
A única exceção é a suplementação de ácido fólico para reduzir o risco de derrame.
Estas são as conclusões de um artigo de revisão feito por 39 especialistas do Canadá, EUA e França, e que acaba de ser publicado no Journal of American College of Cardiology. Em um artigo de revisão, ou meta-análise, todas as pesquisas científicas sobre um determinado assunto são revisadas e colocadas em uma mesma base que permite uma comparação dos resultados.
Segundo a equipe, com a falta de evidências de benefícios dos suplementos, devem ser reforçadas as recomendações para que as pessoas adotem dietas saudáveis fortemente baseadas em alimentos à base de plantas, a partir das quais as vitaminas são derivadas naturalmente, dispensando qualquer necessidade de reforço artificial.
Suplementos versus alimentação
Vitaminas e minerais têm sido usados há muito tempo para tratar deficiências nutricionais; no entanto, nos últimos anos, os suplementos passaram a ser anunciados e vendidos como um meio para a saúde e a longevidade em geral.
Em 2012, o Exame Nacional de Saúde e Nutrição fez uma pesquisa nos EUA que mostrou que 52% da população daquele país estava tomando algum tipo de suplemento vitamínico.
Apesar disso, não existe um acordo entre médicos e cientistas se vitaminas ou minerais na forma de suplementos, individuais ou em combinação, devem ser tomados para prevenir ou tratar doenças cardiovasculares.
As diretrizes dietéticas recomendam três dietas para reduzir o risco de doenças cardiovasculares: uma dieta saudável com baixo teor de gordura saturada, gordura trans e carne vermelha, mas rica em frutas e vegetais; uma dieta mediterrânea; e uma dieta vegetariana.
Nesta revisão, os pesquisadores analisaram 179 ensaios clínicos randomizados sobre o uso de suplementos vitamínicos e minerais publicados de janeiro de 2012 a outubro de 2017 para determinar se existiria de fato um benefício em tomá-los.
Não faz bem ou faz mal
A equipe descobriu que os dados sobre os quatro suplementos mais utilizados - multivitamínicos, vitamina D, cálcio e vitamina C - não mostraram benefícios consistentes para a prevenção de doenças cardiovasculares, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral, nem houve benefício para a mortalidade por todas as causas.
Apenas o ácido fólico isoladamente, e as vitaminas do complexo B, nas quais o ácido fólico é um componente, mostraram uma redução nos casos de derrame.
Curiosamente, a niacina (vitamina B3) e os antioxidantes mostraram-se associados não a benefícios, mas a um maior risco de mortalidade por todas as causas. Estudos recentes mostraram que os antioxidantes podem fazer mal ao sistema cardiovascular e, de forma mais genérica, que os antioxidantes não têm poderes mágicos e podem fazer mal.
Os resultados confirmam a mais recente recomendação da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA que, em 2014, afirmou que "as evidências atuais são insuficientes para avaliar o equilíbrio de benefícios e danos dos suplementos nutricionais únicos ou compostos para a prevenção de doenças cardiovasculares e câncer".
A lição a se levar para casa, portanto, é: Alimente-se bem, pois não há outro meio eficaz de obter as vitaminas de que seu corpo precisa.
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