Superbactéria
A bactéria Klebsiella pneumoniae, super-resistente a antibióticos, já circulava pelo Brasil em 2011, quatro anos antes de o patógeno ser descrito na China, em 2015.
Foi o que descobriram pesquisadores da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP).
O grupo das pesquisadoras Ester Sabino e Sílvia Costa detectou a bactéria usando o banco de dados do Hospital das Clínicas da USP e apontou que, de 1.042 pacientes que se submeteram a um transplante de medula entre os anos de 2008 e 2015 nesse hospital, 12 se infectaram com a bactéria super-resistente aos antibióticos. E, deste total, 10 morreram.
A Klebsiella pneumoniae é uma bactéria presente no trato gastrointestinal de humanos e animais. Ela pode ser encontrada também no meio ambiente, na água, nos alimentos e no sistema de esgoto.
Eventualmente pode ser identificada nas mãos de profissionais da saúde, em equipamentos hospitalares e no ambiente hospitalar, como na cama do paciente, por exemplo. E pode causar diferentes tipos de infecção - como infecção urinária ou no sangue - que podem levar à morte.
Essa resistência da bactéria pelo uso de antibióticos foi descoberta pela China em 2015. Os cientistas chineses verificaram que cepas de Klebsiella adotam um mecanismo de resistência à colistina, um antibiótico que é usado como último recurso no tratamento de infecções por bactérias, denominado MCR-1. Até então, esse mecanismo era desconhecido.
Antibióticos na veterinária e na agricultura
Depois da publicação do estudo chinês, pesquisadores de outros países começaram a investigar seus bancos de dados e, em muitos deles, foram notados a existência do mesmo mecanismo, como ocorreu com esse estudo no Brasil. Isso demonstra que os genes de resistência já circulavam no mundo antes mesmo de a comunidade científica dispor ferramentas para identificá-los.
Essa resistência pode ter sido provocada pelo uso indiscriminado do antibiótico colistina na veterinária e na agricultura. Em humanos, o uso de antibióticos é controlado, ou seja, só pode ser vendido sob prescrição médica. No caso específico da colistina, seu uso em humanos é ainda mais controlado: ele só ocorre em hospitais.
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