Solidão positiva
Uma forma específica de afastamento social, chamada "insociabilidade", parece estar associada com uma maior criatividade e outros indicadores benéficos.
Embora todos precisem de uma pausa ocasional do burburinho social, passar muito tempo sozinho pode não ser saudável, havendo indícios de que os efeitos psicossociais de uma solidão excessiva podem ter um impacto que irá durar por toda a vida.
Mas nem todas as formas de afastamento social são prejudiciais.
"O que é importante é a motivação [para a retração social]. Temos que entender por que alguém está se retirando para entender os riscos e os benefícios associados," destaca a professora Julie Bowker, da Universidade de Buffalo (EUA).
Bowker afirma que sua pesquisa sobre os efeitos benéficos da solidão se baseia em casos de retiros voluntários, como o de Henry Thoreau, relatado em seu famoso diário Walden, e o caso mais recente do monge Thomas Merton. Esses e outros casos geraram toda uma discussão sobre os benefícios de se retirar para a natureza ou para reconectar-se a si mesmo.
"Durante a infância e a adolescência, a ideia é que, se você está se afastando muito dos seus pares, então você está perdendo as interações positivas, como receber suporte social, desenvolver habilidades sociais e outros benefícios de interagir com seus colegas. Pode ser por isso que tem havido tanta ênfase nos efeitos negativos do isolamento social e de se evitar o contato com os pares," explicou Bowker.
Solidão e criatividade
Em seu experimento, Bowker envolveu 295 participantes, que relataram suas diferentes motivações para o isolamento social. Também foram avaliados a criatividade, a sensibilidade à ansiedade, sintomas depressivos, agressividade, o sistema de abordagem comportamental, que regula comportamentos e desejos, e o sistema de inibição comportamental, que regula comportamentos e desejos de evasão.
Não apenas a insociabilidade apresentou uma relação positiva com a criatividade, como também apareceram outras associações únicas, como uma ligação positiva entre a timidez e a sensibilidade à ansiedade.
Já a timidez e os comportamentos evasivos mostraram-se negativamente relacionados à criatividade. A pesquisadora acredita que "indivíduos tímidos e evitadores podem ser incapazes de usar seu tempo de solidão de forma feliz e produtiva, talvez porque estejam distraídos com suas cognições e medos negativos."
"Ao longo dos anos, a insociabilidade tem sido caracterizada como uma forma relativamente benigna de retração social. Mas, com os novos resultados, que a ligam à criatividade, acreditamos que a insociabilidade pode ser melhor caracterizada como uma forma potencialmente benéfica de afastamento social," disse Bowker.
Os resultados foram publicados na revista científica Personality and Individual Differences.
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