Papaína
A papaína, proteína extraída do leite do mamão verde, já é utilizada na forma de gel para cicatrização de feridas, mas tem prazo de validade de apenas 60 dias. Para simplificar o uso da substância, a farmacêutica Gislaine Zulli criou e testou uma membrana de silicone que incorpora a papaína e a libera de forma constante por até 12 horas.
"O gel, por ser aquoso, favorece a quebra das moléculas da papaína, que perde sua função. Com a membrana esse problema não ocorre", relata Gislaine. "Na produção da membrana, a papaína é incorporada a uma matriz polimérica, que prolonga o tempo de absorção da proteína pela pele".
Polímero de silicone
O polímero é elaborado na forma de um adesivo seco, semelhante aos curativos hospitalares. "As membranas de silicone já são muito utilizadas na medicina, por serem pouco reativas", aponta a pesquisadora. "O adesivo é lipofílico, ou seja, tem pouca afinidade com a água, o que traz mais segurança para a aplicação da papaína".
Liberação controlada
A liberação da papaína pelo polímero foi testada em um aparelho conhecido como Células de Franz. "O aparelho simula as condições de liberação da proteína na pele ao longo do tempo", explica a farmacêutica. "As experiências com o adesivo mostraram que a papaína é liberada de forma constante por 12 horas".
O uso clínico do adesivo ainda depende de testes em seres humanos, mas a pesquisadora calcula que o prazo de validade do produto deverá ser superior ao do gel, que mantém a estabilidade das moléculas de papaína por 60 dias. "A membrana deve incorporar também a ação debridante da papaína, que remove as crostas da ferida para estimular a cicatrização".
Feridas causadas pela amamentação
A tecnologia está sendo oferecida para uma indústria do setor farmacêutico. Gislaine explica que a atividade cicatrizante da papaína já é bastante conhecida. "Popularmente ela é utilizada, por exemplo, por mães que utilizam casca de mamão verde para tratar feridas causadas pela amamentação", conta.
A pesquisa
As pesquisas com a matriz polimérica para aplicação da papaína foram realizadas no Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), órgão federal associado à USP. O trabalho de Mestrado de Gislaine, apresentado no Ipen, teve a colaboração da professora Valéria Velasco, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, que estudou os efeitos da papaína e produz o gel com a proteína para tratamento de feridas em hospitais.
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