Autismo e estação
Os registros de nascimento de mais de 6 milhões de crianças nascidas na Califórnia (EUA) durante os anos 1990 e início de 2000 mostram uma relação clara entre o mês da concepção e o risco do autismo.
Entre as crianças incluídas no estudo, as concebidas durante o inverno [do hemisfério Norte] tiveram um risco significativamente maior de autismo.
O risco de ter uma criança com transtorno do espectro autista aumenta progressivamente durante o outono e inverno, até o início da primavera, com as crianças concebidas no mês de Março apresentando um risco 16% maior de autismo, em comparação com as concepções em Julho.
Mês da concepção e autismo
"A conclusão do estudo foi significativo mesmo após ajustarmos para fatores como educação materna, raça/etnia, e ano da concepção da criança," diz o principal autor do estudo, Dr. Ousseny Zerbo, da Universidade da Califórnia.
Os pesquisadores incluíram cerca de 6,6 milhões de registros de nascimento, ou 91% de todos os nascimentos registrados durante o período do estudo.
As crianças foram monitoradas até o seu sexto aniversário para determinar se elas iriam desenvolver o autismo.
Foram identificados cerca de 19 mil casos de autismo definidos como "síndrome total" do autismo.
O estudo constatou que o risco de ter um filho com autismo aumenta de mês para mês durante o inverno até o mês de março.
Para o estudo, o inverno foi considerado o mês de dezembro, janeiro e fevereiro [verão no Brasil]. Cada mês foi comparado com julho, com uma incidência 8% superior em dezembro, aumentando para 16% em março.
Exposição a elementos de risco
Os pesquisadores afirmam que a descoberta, publicada na revista Epidemiology, sugere que fatores ambientais - por exemplo, a exposição a vírus como a gripe sazonal - pode desempenhar um papel na ocorrência do autismo.
Daí a conexão entre o mês de concepção e a estação, já que as estações incluem variações de estilo de vida e exposição a diferentes tipos de substâncias.
Outras ocorrências sazonais incluem exposições potenciais aos agrotóxicos, tais como aqueles usados em casa para controle de insetos no período chuvoso ou quente, e os utilizados em aplicações agrícolas.
"Estudos das variações sazonais podem fornecer pistas sobre algumas das causas subjacentes do autismo," disse a Dra. Irva Hertz-Picciotto, chefe da divisão de saúde ambiental e ocupacional da Universidade.
"Entretanto, pode ser que a concepção não seja o momento da suscetibilidade [a algum elemento externo]. Poderia, ser por exemplo, uma exposição no terceiro mês de gravidez, ou no segundo trimestre, que seja prejudicial.
"Se for assim, podemos precisar observar as exposições que ocorrem poucos meses depois de concepções que estão em maior risco. Por exemplo, os elementos alergênicos que surgem mais na primavera e no início do verão," diz Hertz-Picciotto.
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