Pesquisadores brasileiros acreditam ter encontrado uma maneira de incentivar o próprio organismo a reparar danos à retina, gerados por condições médicas ou acidentes que comumente levam à cegueira.
Células progenitoras
No olho humano há uma estrutura localizada entre a retina e a raiz da íris, chamada corpo ciliar, responsável pela acomodação do cristalino - a lente do olho - e pela formação do humor aquoso, o líquido incolor que preenche as câmaras oculares e mantém a pressão dos olhos.
O corpo ciliar é revestido por um tecido, chamado epitélio, formado por duas camadas de células - o epitélio ciliar.
Há cerca de 15 anos, descobriu-se que essa estrutura também possui células inativas, ou quiescentes, que, sob condições específicas, podem ser estimuladas a se tornar células-tronco ou progenitoras - capazes de proliferar e se diferenciar em tipos celulares perdidos pela degeneração da retina.
Agora, um estudo realizado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) apontou possíveis formas de estimular a proliferação ou a reprogramação dessas células do epitélio ciliar.
"Observamos que o tipo de estímulo de uma das vias de sinalização de células do epitélio ciliar leva a um aumento da proliferação ou do perfil progenitor dessas células", disse Dânia Emi Hamassaki, coordenadora do projeto.
Transcrição de genes
Os pesquisadores ativaram e inativaram proteínas sinalizadoras - pertencentes à família Rho de GTPases - expressas no epitélio celular de camundongos. Essa família de proteínas regula diversas vias de sinalização que controlam a transcrição de genes, além da sobrevivência e da proliferação de células, indicam os autores da pesquisa.
"Constatamos que a modulação destes dois mecanismos diferentes, de proliferação e reprogramação de células do epitélio ciliar, podem fornecer uma potencial nova abordagem para a reparação de tecidos retinianos", disse Hamassaki.
De acordo com a pesquisadora, as células do epitélio ciliar, juntamente com as células gliais de Müller encontradas na própria retina, têm sido apontadas como potenciais alvos terapêuticos para contribuir para a neurogênese (formação de novos neurônios retinianos) em adultos, em razão de suas propriedades de células-tronco e progenitoras.
A expectativa é que, no futuro, a descoberta possa se transformar em formas terapêuticas de regeneração dos neurônios perdidos após danos à retina - que ocorrem nos casos de glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular, por exemplo.
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