Imprevistos
O remédio único contra a aids que está sendo fabricado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) não deve chegar aos pacientes brasileiros antes do próximo ano. A informação é da coordenadora de Assuntos Institucionais de Farmanguinhos/Fiocruz, Lícia de Oliveira. Ela participou nessa terça-feira (15) do Congresso da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre DST-Aids, que vai até amanhã (17) no Rio.
"A equipe acreditava em um desenvolvimento mais rápido, mas alguns requisitos não previstos ocorreram e houve necessidade de algumas modificações e novos testes para que o produto ficasse mais próximo dos genéricos."
Remédio único contra AIDS
Segundo ela, ainda que a Fiocruz garanta a produção do medicamento para o final deste ano, ainda faltaria a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que pode levar meses. A vantagem do medicamento - que possui os princípios ativos zidovudina, nevirapina e lamivudina - é diminuir o número de remédios tomados pelos pacientes, contribuindo para a adesão ao tratamento.
Em muitos casos, é necessária a ingestão de até 60 comprimidos por dia, como parte do coquetel antiaids, o que desestimula os doentes a prosseguirem com a terapia. Com o novo medicamento, usado para pacientes infectados há pouco tempo e que não apresentam complicações maiores da doença, serão apenas duas doses: uma de manhã e outra à noite.
Pílula única
A Fiocruz investiu até agora R$ 1,5 milhão no desenvolvimento da pílula única. O custo do tratamento por paciente, com o coquetel antiaids, é de US$ 1,7 mil ao ano, totalmente bancado pelo governo brasileiro.
Outra iniciativa da Fiocruz é repassar assessoria tecnológica para a construção de uma fábrica de medicamentos em Moçambique. Segundo Lícia de Oliveira, que é coordenadora de Farmanguinhos para a África, a fundação vai promover, em junho, a capacitação de 25 moçambicanos, que ficarão cerca de um mês no Brasil. Eles receberão treinamento para operar uma linha de embalagem de medicamentos, que deve começar a funcionar ainda este ano, aocusto de US$ 200 mil.
No primeiro estágio, a Fiocruz vai entregar os remédios em grandes quantidades para serem embalados. Posteriormente, o projeto prevê a produção de medicamentos pelos próprios moçambicanos.
De acordo com a médica Rolanda Carmem Manuel, do Hospital de Maputo, 16% da população de Moçambique é portadora do vírus da aids, o que corresponde a 1,6 milhão de pessoas. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 0,6% da população foi infectada pelo HIV, o que significa quase 650 mil pessoas.
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