Receptor de nicotina
O mesmo mecanismo fisiológico que leva ao vício no cigarro poderá ser usado para tratar doenças pulmonares inflamatórias, tanto agudas quanto crônicas.
A nicotina inalada com a fumaça é absorvida pelo pulmão, entra na corrente sanguínea e quase instantaneamente ativa na superfície das células nervosas os chamados receptores nicotínicos de acetilcolina, causando a sensação de euforia seguida por relaxamento que a torna tão viciante.
Agora, pesquisadores brasileiros descobriram um efeito terapêutico associado à ativação de receptores nicotínicos específicos, conhecidos como subtipo alfa-7, localizados nos macrófagos, as células que formam a linha de frente do sistema imunológico e são responsáveis por desencadear a resposta inflamatória diante de uma potencial ameaça.
"Em testes com animais, a estimulação específica dos receptores nicotínicos do subtipo alfa-7 por uma droga experimental chamada PNU-282987 reduziu a inflamação em um quadro alérgico crônico, semelhante ao da asma, e em um modelo de inflamação pulmonar semelhante à Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), insuficiência respiratória causada principalmente pelo acúmulo de líquido nos pulmões, normalmente associada a um processo infeccioso", contou a pesquisadora Carla Máximo Prado, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Acetilcolina
A pesquisadora explicou que, tanto os receptores nicotínicos quanto outro grupo de receptores celulares, conhecidos como muscarínicos, fazem parte do chamado sistema colinérgico, um ramo do sistema nervoso que tem como principal neurotransmissor a acetilcolina.
No pulmão, inicialmente, a acetilcolina ficou conhecida por sua ação broncoconstritora, ou seja, de fechamento das vias aéreas. Diversos medicamentos para o tratamento da asma e da doença pulmonar obstrutiva crônica têm como princípio ativo substâncias que impedem a acetilcolina de se ligar aos receptores muscarínicos.
Estudos mais recentes, porém, sugerem que o mesmo neurotransmissor teria um efeito protetor para o pulmão que estaria relacionado à ativação dos receptores nicotínicos.
A equipe então testou fármacos para estimular o sistema colinérgico usando uma droga capaz de se ligar ao tipo específico dos receptores nicotínicos. O resultado foi uma redução drástica nos quadros inflamatórios no pulmão de animais que serviam de modelo para a lesão pulmonar aguda e para a inflamação crônica, similar à asma.
O próximo passo será testar o fármaco em um estudo em maior escala e, a seguir, em células humanas.
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