24/11/2014

Reações à vacina tríplice podem ser genéticas

Redação do Diário da Saúde

Reações à vacina

Apesar de o Ministério da Saúde ter anunciado que apenas crianças com alergia a leite não devem tomar a vacina tríplice viral - contra sarampo, caxumba e rubéola - as convulsões febris representam um evento adverso grave reconhecido pela comunidade médica após a aplicação dessa vacina.

Mostrando a complexidade do problema, pesquisadores do Instituto Statens Serum de Copenhague (Dinamarca) acabam de identificar dois genes claramente associados com convulsões febris relacionadas à aplicação da vacina tríplice viral.

"Este é um efeito adverso bem documentado da vacina, observado em cerca de 1 a 2 crianças para cada mil crianças vacinadas. Precisamos saber mais sobre as causas deste evento adverso grave. E os nossos resultados mostram que algumas das respostas são genéticas," disse o Dr. Bjarke Feenstra, coordenador do estudo.

Os resultados foram publicados na revista Nature Genetics.

Reação genética à vacina

Os pesquisadores descobriram duas "posições genéticas" - a posição de um gene ou cromossomo - claramente associadas ao aumento do risco de convulsões febris até a segunda semana após a vacinação.

Além disso, eles identificaram quatro genes adicionais associados com convulsões febris em geral, independentemente da vacinação.

O estudo, feito em colaboração com várias instituições de pesquisa dinamarquesas e norte-americanas, compreendeu uma série de análises de associação do genoma completo incluindo quase todas as crianças dinamarquesas que apresentaram convulsões febris relacionadas com a aplicação da vacina tríplice durante os últimos 20 anos.

"O próximo passo será examinar como as variantes genéticas que identificamos influenciam a resposta imunológica. Uma questão interessante é, por exemplo, se elas também causam uma resposta febril mais forte após a vacina tríplice entre as crianças que não experimentam convulsões febris [em outras ocasiões]," acrescentou Bjarke Feenstra.

Canais iônicos

O denominador comum dos quatro genes que foram significativamente associados às convulsões febris independentes da vacinação é que eles contêm genes conhecidos por serem importantes para o funcionamento dos canais iônicos do corpo.

Os canais iônicos permitem a passagem, por exemplo, de íons sódio e cálcio através das membranas celulares e são essenciais para a comunicação entre as células nervosas.

Se os canais iônicos não funcionam de forma ótima quando a temperatura do corpo se eleva - como durante uma febre -, pode ocorrer um excesso de impulsos nervosos, o que pode levar a convulsões febris.

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