Contra-ataque imunológico
Pesquisadores da Universidade de Melbourne (Austrália) conseguiram mapear como o sistema imunológico de um dos primeiros pacientes reagiu à infecção do coronavírus Sars-Cov-2, causador da gripe covid-19.
O estudo mostrou a capacidade do organismo de combater o vírus e se recuperar da infecção, o que é um elemento importante para desenvolver protocolos de tratamento para aqueles pacientes que não reagem bem e atingem o estado grave da doença.
Irani Thevarajan e seus colegas tiveram a oportunidade de testar amostras de sangue, em quatro momentos diferentes, de uma paciente de 40 anos sem doenças prévias, que contraiu covid-19 e apresentava sintomas de leves a moderados, mas que exigiram internação hospitalar.
Esse monitoramento forneceu um relatório detalhado de como o sistema imunológico da paciente respondia e reagia ao vírus, até ficar curada.
Resposta do sistema imunológico à covid-19
"Três dias após a internação da paciente, vimos grandes populações de várias células imunológicas, que geralmente são um sinal revelador de recuperação durante a infecção sazonal por influenza, por isso previmos que a paciente se recuperaria em três dias. Foi o que aconteceu," disse a professora Oanh Nguyen, membro da equipe.
As células imunológicas a que a pesquisadora se refere foram as chamadas ASCs, ou células secretoras de anticorpos aumentadas, células T auxiliares foliculares (TFH), células T CD4+ ativadas e células T CD8+, além dos anticorpos imunoglobulina M (IgM) e IgG, que se ligam ao vírus SARS-CoV-2, causando a covid-19. Essas alterações imunológicas persistiram por pelo menos 7 dias após a resolução completa dos sintomas.
Esse detalhamento de uma resposta imune que levou à recuperação bem-sucedida da covid-19 pode ter a chave para se encontrar uma vacina eficaz.
"Nós mostramos que, embora a covid-19 seja causada por um novo vírus, em uma pessoa saudável uma resposta imune robusta em diferentes tipos de células mostrou-se associada à recuperação clínica, semelhante à que vemos na gripe.
"Este é um incrível passo à frente no entendimento do que impulsiona a recuperação da covid-19. As pessoas podem usar nossos métodos para entender as respostas imunes em coortes maiores de covid-19 e também entender o que está faltando naqueles que têm resultados fatais," disse a professora Katherine Kedzierska, coordenadora do estudo.
Prontidão e reação
Esta pesquisa tão detalhada e em tão curto espaço de tempo foi possível graças a um programa de vigilância de viajantes adotado há alguns anos na Austrália, chamado SETREP-ID, sigla em inglês para "sentinelas dos viajantes e preparação para pesquisas de doenças infecciosas emergentes".
O programa coleta, de maneira preventiva, uma ampla variedade de amostras biológicas dos viajantes que retornam ao país, para o caso de um surto novo e inesperado de doenças infecciosas, exatamente como a covid-19 começou. Ou seja, na primeira ocorrência de um evento para o qual o programa foi implantado, ele mostrou-se valioso e poderá ajudar a salvar vidas não apenas na Austrália, mas no mundo todo.
"Quando a covid-19 surgiu, já tínhamos ética e protocolos em vigor, para que pudéssemos começar a analisar rapidamente o vírus e o sistema imunológico em grandes detalhes," disse Irani Thevarajan. "Já estabelecido em vários hospitais de Melbourne, agora planejamos lançar o SETREP-ID como um estudo nacional."
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