Sabedoria dos mais pobres
Pessoas das classes socioeconômicas mais baixas são mais sábias do que suas colegas da classe média em sua capacidade de argumentar sobre questões interpessoais.
Pesquisadores avaliaram a sabedoria como a capacidade de ser "mente aberta", intelectualmente humilde e integrar diferentes perspectivas sobre o assunto que as pessoas estão discutindo.
Ao comparar as classes sociais e a sabedoria associada a cada uma, os resultados revelaram que regiões e indivíduos mais afluentes, bem como situações que refletem maior posição social, estão ligadas a uma menor capacidade de fundamentar sabiamente os argumentos.
"Isso não é surpreendente quando consideramos, em relação a se alcançar o sucesso, nossa ênfase cultural na inteligência, como o QI, a competência para realizar tarefas de forma independente e o foco em si mesmo em oposição às considerações dos outros," comentou o professor Igor Grossmann, da Universidade de Waterloo (Canadá).
"À medida em que, como sociedade, continuamos a focar na independência e no 'ter direitos' entre a classe média, também estamos inadvertidamente erodindo a sabedoria e o poder argumentativo e favorecendo uma população mais autocentrada," acrescentou ele.
Relações de interdependência
Usando pesquisas em larga escala e experimentos em laboratório, Grossmann e seu colega Justin Brienza reforçaram as conclusões de estudos anteriores que demonstraram que indivíduos de menor renda geralmente são mais sensíveis aos seus ambientes, mostrando mais empatia e compaixão do que os mais ricos.
Condicionados pela escassez econômica, que frequentemente os deixam sem recursos mentais para sair da pobreza, os indivíduos mais pobres consideram o impacto de suas decisões sobre aqueles que os cercam e aqueles com quem têm relações interdependentes.
Isto porque as características da mente aberta e a integração de diferentes perspectivas são mais necessárias para se coordenar com os outros e compartilhar recursos do que entre as pessoas com mais recursos, tipicamente capazes de suprir suas necessidades imediatas, o que permite que sejam mais individualistas.
Prosperidade cultural
Este novo estudo das diferenças de classe social no raciocínio sábio é específico para os conflitos interpessoais e não sugere diferenças relacionadas com a classe socioeconômica no domínio do raciocínio intergrupal, como por exemplo, nos debates sociais ou políticos.
"Ver a si mesmo no contexto das relações interpessoais pode ser próspero, como é evidente em outras sociedades, como China, Coreia ou Japão," interpretou Grossmann. "Para aumentar a prosperidade cultural, os legisladores e os decisores políticos têm a oportunidade de integrar a sabedoria e aprender com a resiliência com a qual as pessoas abordam a adversidade econômica".
O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B.
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