16/07/2019

O que faz um pedido de desculpas realmente colar?

Redação do Diário da Saúde
O que faz um pedido de desculpas funcionar?

Desculpas que colam

Todos nós já oferecemos uma desculpa para um mau comportamento ou por reações grosseiras frente aos outros no calor do momento.

Desculpas são comuns, uma tentativa de explicar e justificar comportamentos de que não nos orgulhamos, seja para reatar os laços, para escapar das consequências de nossos atos ou para tornar nosso comportamento indesejável mais socialmente aceitável.

Pedir desculpas geralmente vem acompanhado das próprias desculpas: cansaço, estresse, um dia duro no trabalho, um bebê chorão, as contas a pagar, uma enxaqueca e uma multiplicidade de outros argumentos.

Mas o que essas várias desculpas têm em comum que nos permite reconhecê-las todas como plausíveis? Será que elas são diferentes das desculpas usadas no direito penal, como coação ou coerção? E o que ter uma desculpa nos rende - isso realmente nos exonera das consequências?

A Dra. Paulina Sliwa, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), sugere que as respostas a estas questões estão no que as desculpas nos dizem sobre o que nos motiva a usá-las. Quando desculpas são permissíveis, é porque elas mostram que, embora tenhamos agido de forma errada, nossas intenções morais subjacentes eram adequadas.

Mais vale a intenção?

Intenções são planos de ação. Dizer que sua intenção era moralmente adequada é dizer que seu plano de ação era moralmente correto. Então, quando você dá uma desculpa, você argumenta que seu plano de ação era moralmente bom - apenas algo deu errado quando você tentou colocá-lo em prática. Talvez você tenha tropeçado, e é por isso que você derrubou as compras que estava ajudando a carregar. Ou você estava estressado ou exausto, o que significa que não poderia executar seu bem-intencionado plano da maneira que desejava.

A Dra. Sliwa gostou tanto de sua própria teoria sobre as desculpas que lhe deu um nome pomposo: Explicação da Boa Intenção.

Segundo a teoria, nossas desculpas cotidianas funcionam da mesma maneira que as oferecidas em um tribunal. Quando os advogados apelam à coação ou à provocação em defesa de seu cliente, eles alegam que o cliente pode ter infringido a lei, mas tinha uma intenção moralmente adequada, apenas não agiu assim porque o medo ou a raiva o levaram a perder o autocontrole.

"Uma desculpa bem-sucedida precisa tornar plausível que sua intenção era realmente moralmente adequada - mas algo além do seu controle impediu você de traduzi-la em ação. É por isso que considerações como as seguintes geralmente funcionam: Desculpa por ter esquecido um compromisso - eu tive uma enxaqueca terrível / eu não dormi nas últimas três noites / eu estava preocupado com a saúde da minha mãe; ou uma desculpa por ter quebrado um vaso - eu tropecei no tapete. Todas elas indicam uma motivação moral subjacente adequada que foi frustrada por circunstâncias externas.

"Coisas que nunca vão funcionar são apelos à fraqueza da vontade 'Eu simplesmente não pude resistir' ou 'Foi muito tentador'. Isso não funciona. E nem o apelo para coisas que são obviamente imorais.

"A filosofia pode nos dar uma melhor compreensão de nossos fenômenos morais cotidianos. Há muito mais quebra-cabeças para se pensar em relação às desculpas: Qual é a diferença entre explicar o mau comportamento de alguém e desculpá-lo?" disse a Dra Sliwa, apontando para o que ela pretende pesquisar a seguir.

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