Malária sem sintomas
Casos de pacientes com malária que não apresentam os sintomas da doença poderão virar alvo de pesquisa de cientistas brasileiros em breve.
De acordo com o médico Marcus Vinícius Lacerda, especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), saber quem são os pacientes assintomáticos da malária, entender o que a falta de sintomas pode representar e se vale a pena tratar essas pessoas - ou não - são grandes desafios para os pesquisadores, sobretudo na Amazônia, onde estão concentrados aproximadamente 99% dos casos registrados da doença no Brasil.
Números da malária
Segundo Lacerda, as possibilidades de contaminação e os números sobre os doentes de malária podem ser ainda maiores, se forem considerados os pacientes que têm a doença mas não apresentam qualquer sintoma.
"Precisamos entender o que significam essas pessoas que não têm febre nem dor de cabeça, mas têm o plasmodium [parasita causador da malária] no sangue. Se a pessoa não tem sintoma, ela não vai procurar tratamento e portanto não vai fazer o exame. Talvez seja interessante tratar essas pessoas, ainda não sabemos", declarou Marcus Vinícius Lacerda, em entrevista à Agência Brasil.
Pesquisa com pacientes assintomáticos
Em Manaus, centenas de pesquisadores discutiram o assunto durante a 11ª. Reunião Nacional de Pesquisa em Malária e a 1ª Reunião Inter-Amazônica em Malária. Agora, se preparam para consolidar um documento que será fruto das discussões iniciais e se constituirá num grande projeto a ser encaminhado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), com vistas a um possível financiamento.
O CNPQ pode financiar o projeto, que deve durar alguns anos e, ao final disso, apresentar algumas respostas pretendidas, como o que os pacientes assintomáticos representam para transmissão de malária na área e se a não apresentação dos sintomas significa que esses sujeitos jamais sentirão os sintomas ou se poderão senti-los.
Malária na Amazônia
O pesquisador da FMT-AM disse ainda que, apesar de no Brasil os estudos sobre o assunto serem recentes, a situação já era percebida na África há vários anos. No caso do Brasil, o pesquisador ressaltou que os estudos necessariamente devem ser feitos na região amazônica. Um terço da população que vive na área de malária da África, por exemplo, tem o plasmodium e não sente nada.
Para avaliar esse tipo de situação no Brasil, os estudos só podem ser realizados na região amazônica porque é nela que se concentram 99% dos casos da doença no país. "A idéia é comparar as áreas da região e todos usarmos as mesmas regras para saber o impacto disso", diz Lacerda.
Grupos de pesquisas em malária
De início, a recomendação é que os estudos sejam feitos em áreas onde haja foco da doença para coleta de amostras de sangue. Tais locais servirão como centros de estudos. O Brasil possui atualmente cerca de 70 grupos de pesquisa que trabalham com malária.Depois dos eventos na capital do Amazonas, o objetivo é unir os esforços dos grupos e fazer um único estudo em todo o país.
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