O que significa fazer o bem?
A maioria das organizações sem fins lucrativos e ONGs em geral declaram em sua missão que se propõem a "fazer o bem".
Contudo, ante à pergunta direta "O que significa fazer o bem?", pessoas diferentes dentro das próprias organizações discordam sobre o que é "bom".
Esta foi a conclusão de David Lucas e David Park, da Universidade de Siracusa (EUA), que se propuseram estudar as diferenças nos valores morais implícitos nas declarações de missão das diferentes organizações e como elas se relacionam com as ideologias políticas dos seus fundadores.
Para isso, os dois pesquisadores catalogaram cinco valores centrais para a teoria dos fundamentos morais - cuidado, justiça, lealdade, autoridade e santidade - em mais de 50.000 organizações sem fins lucrativos.
Em seguida, eles utilizaram dados dos registros eleitorais para captar as filiações partidárias dos fundadores de cada uma das organizações e analisaram até que ponto essa afiliação política previa a presença de uma linguagem associada aos diferentes fundamentos morais.
Santidade versus justiça
Os resultados mostraram várias diferenças intrigantes no discurso moral usado pelas ONGs cujos fundadores estavam afiliados a diferentes partidos.
Por exemplo, as organizações sem fins lucrativos lideradas por conservadores são mais propensas a fazer referência a palavras ligadas ao fundamento da "santidade", enquanto as organizações lideradas por liberais aludem mais frequentemente à "justiça".
Isso está de acordo com outras pesquisas que mostram uma conexão cada vez mais estreita entre os politicamente conservadores e as ideologias religiosas tradicionalistas.
Contudo, afastando-se das conclusões existentes em nível individual, os liberais referiram-se à lealdade e à autoridade, enquanto os conservadores se concentraram mais no cuidado. Os autores atribuem este padrão ao fato de os conservadores normalmente considerarem a sociedade civil como responsável pela resolução das questões sociais, em contraste com os liberais, que recorrem ao governo. Estes últimos podem estar enfatizando a lealdade em relação a grupos organizados, como os sindicatos.
Os pesquisadores acreditam que, na prática, estes fundamentos morais diferentes podem resultar na escolha de abordagens divergentes e até conflituosas por parte das organizações sem fins lucrativos para resolver problemas como a questão dos sem-teto: Umas podem centrar-se na "habitação em primeiro lugar", com baixas barreiras à entrada, enquanto outras podem exigir mudanças comportamentais como parte de uma transição para a independência habitacional.
"Acreditamos que a nossa investigação ajuda a mudar a conversa sobre o lado ‘moral’ da emergência organizacional para uma abordagem mais matizada," disse Lucas. "Definimos uma série de orientações de pesquisa para ajudar a avançar o trabalho nesta área com base em nossos resultados." Entre essas orientações, a dupla destaca uma atenção especial à ideologia política dos fundadores das ONGs e como isso impacta as ações de cada entidade.
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