13/06/2024

Não é só tempo de tela: A qualidade do que se faz é mais importante

Redação do Diário da Saúde
Não é só tempo de tela: A qualidade do que se faz é mais importante
Não é só o tempo de tela: É mais como se usa esse tempo.
[Imagem: Gerador por IA/DALL-E]

Tempo de tela

A quase infindável discussão sobre os efeitos das "telas" sobre o ser humano tem mais uma perspectiva: É o que estamos olhando, e não quanto tempo passamos online, que influencia a nossa saúde e bem-estar, garantem pesquisadores.

Quando falam de "tempo de tela", os pesquisadores estão se referindo ao tempo que as pessoas passam interagindo com tecnologias como computadores, celulares e TVs.

Em vez de fazer mais um experimento, Joseph Firth e seus colegas da Universidade Anglia Ruskin (Reino Unido), fizeram uma ampla revisão de todas as pesquisas já realizadas sobre tempo de tela e saúde mental.

A conclusão da equipe enfatiza a importância de adotar uma abordagem individualizada e multidimensional de como as tecnologias interativas afetam a saúde mental, a cognição e o funcionamento social. O conteúdo que pode ser relativamente inofensivo para alguns usuários pode ser prejudicial para um grupo demográfico diferente.

Como exemplo, eles citam o impacto que fotos que promovem formas corporais irrealistas podem ter em pessoas vulneráveis, que envolvem coisas como distúrbios alimentares ou baixa autoestima.

Não é só tempo de tela: A qualidade do que se faz é mais importante
Os efeitos são muito diferentes dependendo do uso que se faz da tecnologia.
[Imagem: Gerador por IA/DALL-E]

Qualidade da interação pela tela

O relatório aborda também uma série de impactos que uma maior presença online tem no bem-estar, abordando questões como o medo de perder alguma coisa se não estiverem online, a forma como os comportamentos e pontos de vista são manipulados através das redes sociais, o isolamento, as comparações sociais e os efeitos no corpo, incluindo o aumento do comportamento sedentário.

"Pegue dois cenários: No primeiro, um jovem está acumulando um total de quatro horas por dia on-line, interagindo constantemente com notificações que distraem sempre que elas aparecem na tela e, em seguida, percorrendo intermináveis fluxos de mídia curta que podem ser ajustados por algoritmos em relação aos seus vícios ou inseguranças. Isso pode resultar em redução da concentração em tarefas importantes ou causar problemas de imagem corporal ou baixa autoestima.

"No segundo cenário, há um idoso que passa exatamente as mesmas quatro horas por dia online, mas que usa esse tempo para promover novas relações sociais e acessar conteúdos educacionais, proporcionando benefícios para o seu bem-estar e até mesmo para o funcionamento do cérebro. Aqui, nós vemos resultados muito diferentes surgirem exatamente da mesma quantidade de tempo gasto online," detalhou o professor Lee Smith.

"Até agora, muitas diretrizes e recomendações sobre o uso da internet têm como foco limitar a quantidade de tempo que passamos online. Embora haja bom senso na redução do uso de dispositivos digitais para garantir tempo para atividades saudáveis no 'mundo real', agora somos capazes de descrever como as consequências do uso de dispositivos digitais são determinadas por coisas que vão muito além do tempo gasto on-line," disse Firth.

Checagem com artigo científico:

Artigo: From "online brains" to "online lives": understanding the individualized impacts of Internet use across psychological, cognitive and social dimensions
Autores: Joseph Firth, John Torous, José Francisco López-Gil, Jake Linardon, Alyssa Milton, Jeffrey Lambert, Lee Smith, Ivan Jari?, Hannah Fabian, Davy Vancampfort, Henry Onyeaka, Felipe B. Schuch, Josh A. Firth
Publicação: World Psychiatry
Vol.: 23, Issue 2 p. 176-190
DOI: 10.1002/wps.21188
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