Morrer bem
Nós estamos vivendo cada vez mais, mas, quando chega a hora de morrer, a medicina moderna não está conseguindo fazer a coisa certa.
A conclusão de uma equipe liderada pelo Dr. Marcus Ebeling, do Instituto Karolinska, que estudou todos os registros de morte da população da Suécia, é que as pessoas estão passando muito mais tempo morrendo do que seria recomendável por qualquer critério.
A maioria das mortes não corresponde ao que se costuma chamar de "boa morte" - quando a pessoa ainda tem controle sobre seu próprio corpo e mente e requer poucos cuidados de saúde ou cuidados paliativos.
Pesquisadores em todo o mundo têm-se preocupado com a questão, investigando há décadas se o aumento da expectativa de vida traz mais anos de vida com boa saúde ou, em vez disso, períodos mais longos de doença.
"Nossos resultados dão suporte à hipótese de que o aumento da expectativa de vida, especialmente em idades mais avançadas, se deve em parte a um processo prolongado de morte," disse Ebeling.
Cuidados desnecessários
Revendo os dados de todas as mortes na população, os pesquisadores analisaram o último ano de vida de pessoas com 70 anos ou mais.
Usando um novo desenho de estudo, a equipe identificou seis tipos diferentes de trajetórias até a morte, dependendo se e quanto de cuidados médicos e cuidados com os idosos foram necessários no último ano de vida.
"Nossos resultados mostram que a maioria das pessoas com mais de 70 anos na Suécia está em cuidados de longo prazo durante o último ano de vida," confirmou Ebeling.
Os pesquisadores contam que os cuidados médicos e de enfermagem são ainda mais comuns entre as mortes acima de 83 anos (a atual expectativa média de vida na Suécia). São essas trajetórias que são relativamente mais caras para o sistema de saúde.
Estudos como este são importantes porque é necessário contar com dados concretos sobre como as pessoas têm experimentado o fim da vida para iniciar um debate na sociedade sobre o processo da morte e o que realmente significa "morrer bem". "Esse debate está muito atrasado e estamos dando mais um passo com o nosso estudo," afirmou Ebeling.
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