Hormônio versátil
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP descobriram que a melatonina, hormônio cuja principal função nos humanos é regular o sono, atua na formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) das células foliculares do ovário, relacionadas ao desenvolvimento do óvulo.
A descoberta pode ajudar no tratamento de mulheres com infertilidade.
Além de regular várias funções celulares, a melatonina é responsável por carrear informações sobre a duração dos períodos diários de claro e escuro, transmitindo dados sobre as variações de luz que ocorrem durante os dias e as noites, o que permite ao organismo responder com mudanças adaptativas às alterações do ambiente.
A suspeita de que o hormônio estaria relacionado à maturação do folículo ovariano surgiu do fato de que há três vezes mais melatonina no líquido que o envolve do que na circulação sanguínea. Além disso, as células foliculares possuem receptores de melatonina.
"A angiogênese folicular é importante para a qualidade do folículo e do ovócito. Descobrimos que a participação da melatonina nesse processo modula o crescimento do folículo ovariano, a unidade básica do sistema reprodutor feminino," explicou o professor José Maria Soares Júnior.
Melatonina contra infertilidade
A equipe então avaliou o efeito da melatonina sobre a angiogênese das células do ovário em mulheres participantes de um programa de fertilização assistida e constatou que as altas concentrações do hormônio no órgão reprodutor feminino pode ter dupla função: facilitar a formação de novos vasos sanguíneos e aumentar a expressão de fatores de crescimento e citocinas, proteínas que modulam a função de outras células ou da própria célula que as gerou.
"Os resultados indicam que a melatonina tem uma participação importante na regulação do crescimento folicular, com consequências numa melhor qualidade oocitária, e sugerem uma possibilidade de tratamento de mulheres com infertilidade relacionada a baixas concentrações do hormônio ou a problemas nos receptores nas células da granulosa", diz Soares Junior - a granulosa é constituída por camadas de células foliculares.
O pesquisador agora pretende fazer novos estudos para que verificar se maiores níveis de melatonina no fluido folicular podem resultar em embriões de melhor qualidade.
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