Tratamento que piora a doença
Pesquisadores descobriram uma possível razão pela qual a L-dopa, o medicamento de primeira linha para lidar com a doença de Parkinson, perde eficácia à medida que o tratamento progride.
Mais do que isso, o medicamento pode ter efeitos colaterais dramáticos, incluindo discinesia, movimentos musculares involuntários e erráticos do rosto, braços, pernas e tronco do paciente.
"Paradoxalmente, a mesmíssima terapia que melhorou a qualidade de vida de dezenas de milhares de pacientes de Parkinson é aquela que contribui para o rápido declínio da qualidade de vida ao longo do tempo," explica o Dr. Amal Alachkar, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA). "A L-dopa demonstrou acelerar a progressão da doença através de mecanismos neurais que não são muito bem compreendidos."
A L-dopa e outros tratamentos farmacológicos para Parkinson foram projetados para substituir a dopamina perdida pela degeneração das células nervosas no cérebro. Embora a dopamina não possa atravessar a barreira hematoencefálica, que permite que substâncias como água e oxigênio passem para o cérebro, a L-dopa pode, e é usada para tratar os sintomas motores da doença.
No entanto, 99% da L-dopa é metabolizada fora do cérebro, por isso ela é administrada em combinação com um inibidor enzimático para aumentar a quantidade da dose que chega ao cérebro para 5 a 10%, e prevenir efeitos colaterais, como náuseas e problemas cardíacos.
Medicamento misterioso
A equipe do Dr. Alachkar estudou agora em detalhes as características da ligação molecular da L-dopa e dos compostos no cérebro relacionados com a dopamina.
O estudo demonstrou que a L-dopa e a proteína siderocalina se combinam na presença de ferro para criar um complexo que pode causar uma sobrecarga celular de ferro, levando a um desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes.
E não apenas isso, a combinação causa neuroinflamação no cérebro, desencadeando a discinesia, flutuações no mobilidade e episódios de congelamento do movimento.
À medida que a doença de Parkinson progride, doses mais baixas de L-dopa induzem esses efeitos colaterais negativos, enquanto a dose necessária para aliviar os sintomas da doença aumenta, resultando em uma janela terapêutica estreita.
"Esta pequena molécula de L-dopa é certamente misteriosa," disse Alachkar. "Estamos interessados em desvendar os mistérios da L-dopa e, em particular, entender como ela age como um agente terapêutico mágico e, ao mesmo tempo, contribui para a progressão da doença. A formação do complexo L-dopa-siderocalina pode desempenhar um papel na diminuição da eficácia [do medicamento] ao reduzir a quantidade de L-dopa livre disponível para a síntese de dopamina no cérebro."
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Medicamentos | Neurociências | Cérebro | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.