Matrizes dérmicas
Médicos da USP em Ribeirão Preto (SP) constataram que materiais comercializados para ajudar na cicatrização de queimaduras simplesmente não funcionam.
Depois de acompanhar o uso das chamadas matrizes dérmicas na cicatrização, os pesquisadores descobriram que esses materiais não contribuem para melhorar a qualidade das cicatrizes após cirurgias de correção.
O tratamento convencional para queimaduras graves envolve cirurgias para liberar retrações cicatriciais, o que, por sua vez, cria novas feridas. O enxerto de pele é frequentemente usado para reconstruir essas feridas, mas nem sempre oferece resultados ideais. É aí que entram as matrizes dérmicas, produtos que deveriam gerar uma derme artificial para funcionar como base para a aplicação do enxerto.
O estudo randomizado avaliou três marcas de matrizes de regeneração dérmica em cicatrizes, de diferentes partes do corpo dos pacientes, em comparação com o grupo controle, que utilizou apenas enxerto de pele. Os pesquisadores mediram a qualidade da cicatrização por meio de avaliações subjetivas e objetivas.
"Para a nossa surpresa, não houve uma diferença estatisticamente significativa entre os pacientes que utilizaram as matrizes e os pacientes que usaram somente o enxerto de pele," conta o Dr. Ivan Almeida, coordenador da pesquisa.
Não funciona
A ineficácia das matrizes dérmicas destaca a importância de abordar a eficácia de produtos médicos caros em um contexto de sistema de saúde pública, já que esses materiais são vendidos pelas empresas ao SUS, que então os fornece aos hospitais e pacientes.
O valor médio do material pelo sistema público é de R$ 50 por centímetro quadrado. Uma matriz de 10cm x 10cm, que tem 100 cm quadrados de área, por exemplo, custa cerca de R$ 5.000,00. Na medicina privada, esse valor costuma ser maior.
Embora esses produtos possam ser benéficos em alguns cenários, o estudo demonstrou que, quando se avalia a qualidade da cicatrização nos parâmetros específicos utilizados pelos cientistas, eles não apresentaram benefícios significativos.
"A vantagem é que este é um ensaio clínico randomizado e controlado, de alto nível de evidência. Nossos resultados não corroboram os benefícios que a indústria propaga como verdade, mas que para esse grupo específico de pacientes, nesses parâmetros analisados, não mostrou todas essas vantagens que a indústria coloca," concluiu o professor Pedro Coltro.
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