Causador da esquistossomose
Cientistas do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas), em colaboração com grupos dos Estados Unidos, da Europa e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mapearam, pela primeira vez, o genoma do Schistosoma mansoni, parasita causador da esquistossomose, doença grave que atinge principalmente o Brasil e a África.
De acordo com o biólogo Guilherme Oliveira, o que se espera com o sequenciamento do genoma é o uso de abordagens modernas para a pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos.
Vacina contra a esquistossomose
A partir desse trabalho, pode-se chegar à produção de uma vacina que combata a esquistossomose. "Até hoje, com os meios de investigação tradicionais, isso não pôde ser alcançado", afirma Oliveira, que esteve à frente do grupo da Fiocruz envolvido no projeto.
Oliveira afirma que o sequenciamento genético do Schistosoma mansoni é um importante marco para a comunidade científica: "abrem-se agora perspectivas de exploração global do Schistosoma, o que nos permitirá novas abordagens para a total compreensão da biologia do organismo e o desenvolvimento de fármacos e vacinas". Milhões de pessoas em todo o mundo podem ser beneficiadas, especialmente aquelas que vivem em áreas endêmicas.
A pesquisa, iniciada há cerca de 15 anos, teve financiamento proveniente dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) e da Wellcome Trust Sanger Institute. O trabalho foi publicado nesta quinta-feira (16/7) na revista britânica Nature.
Doença negligenciada
A esquistossomose, causada pelo parasita Schistosoma mansoni, é uma doença negligenciada que afeta mais de 210 milhões de pessoas em 76 países, entre eles o Brasil. Até o momento não existe nenhuma vacina contra a doença e apenas uma droga disponível para tratamento de comunidades de áreas endêmicas.
O trabalho revelou um genoma com 363 milhões de bases que codifica para mais de 11,5 mil genes. O sequenciamento deste genoma é importante pois permite que abordagens modernas de desenvolvimento de drogas e vacinas sejam utilizadas.
O grupo da Fiocruz participou do projeto na análise dos genes na identificação de possíveis candidatos para o desenvolvimento de drogas e na produção de um banco de dados que permite o acesso pela comunidade científica à informação sobre o genoma do S. mansoni.
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