Imunoterapia na contramão
A ainda controversa imunoterapia - usar o próprio sistema imunológico de uma pessoa para tratar o câncer - tem chamado muito a atenção, mas ainda é largamente ineficiente.
Francesco Marangoni e colegas da Universidade da Califórnia de Irvine (EUA) acabam de descobrir uma das razões dessa ineficiência: A imunoterapia estimula também as células T reguladoras, que são essenciais para prevenir a autoimunidade, na qual o corpo ataca células e tecidos saudáveis.
Alguns medicamentos anticâncer da família dos chamados "pontos de verificação imunológicos" - ou checkpoints imunológicos - bloqueiam a molécula CTLA-4 e ativam as células T efetoras CD8 e CD4, que matam o câncer.
Usando microscopia intravital, uma técnica que permite fazer imagens de células dentro de um organismo vivo, os pesquisadores descobriram que o bloqueio da a CTLA-4 também causa a expansão das células T reguladoras, diminuindo o efeito da imunoterapia.
Em outras palavras, a imunoterapia contra o câncer envolvendo drogas que inibem CTLA-4 também ativa uma resposta indesejada que pode autolimitar sua eficácia no combate a tumores.
Autoimunidade fatal
"Muito do nosso conhecimento sobre os mecanismos pelos quais a imunoterapia funciona está focado nos aspectos positivos da reação do corpo, mas esse tratamento visa todo o sistema imunológico. Neste estudo, investigamos como as células Treg são ativadas dentro da massa tumoral.
"Nós descobrimos que as células Treg são continuamente ativadas no câncer. Por sua vez, eles usam a CTLA-4 para instruir as células dendríticas a se tornarem ativadores ineficientes do sistema imunológico. Após a inibição da CTLA-4, as células dendríticas tornam-se mais ativas e promovem a função das células T efetoras e reguladoras ao mesmo tempo. Isso tem o potencial de limitar a eficácia e pode explicar a falha da imunoterapia em alguns pacientes," explicou Marangoni.
Segundo a equipe, para que a imunoterapia cumpra suas promessas, será necessário desenvolver novas estratégias para diminuir a ativação das células Treg de forma controlada, a fim de evitar a "autoimunidade fatal": "A depleção indiscriminada das células Treg pode fazer com que as células T efetoras CD8 e CD4 ataquem nosso corpo e potencialmente nos matem," disse Marangoni.
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