18/02/2016

Herbicida glifosato é sinal de agricultura dando errado, diz entidade

Shannon Van Hoesen - EWG

Glifosato

O herbicida glifosato, da empresa Monsanto, comercializado inicialmente como "Roundup"™, tornou-se o herbicida mais amplamente e mais fortemente aplicado globalmente na história da agricultura química - depois da invenção dos adubos.

A informação está em um relatório publicado na revista Environmental Sciences Europe, que relata que, até hoje, 8,6 bilhões de quilogramas de glifosato foram usados globalmente.

O uso do glifosato aumentou quase 15 vezes desde que as culturas geneticamente modificadas chamada "Roundup Ready" foram introduzidas em 1996.

Em 2014, foi pulverizado glifosato suficiente para deixar cerca de 350 gramas do ingrediente ativo do herbicida em cada acre de terra agrícola nos EUA, e quase 215 gramas por acre em todas as terras agrícolas de todo o mundo (0,53 kg/hectare).

Herbicida provavelmente cancerígeno

No ano passado, 17 dos principais pesquisadores de câncer do mundo votaram por unanimidade para elevar o perfil cancerígeno do glifosato, em uma consulta feita pela Organização Mundial da Saúde. Após o painel de especialistas revisar todos os estudos científicos disponíveis, a Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (IARC) classificou o herbicida como "provavelmente cancerígeno para os seres humanos."

Conforme relata a equipe do Dr. Charles Benbrook, outros estudos recentes descobriram conexões entre a exposição ao glifosato e uma série de outros efeitos graves para a saúde, incluindo danos nos rins e fígado e linfoma não-Hodgkin, entre outros.

"O crescimento rápido e dramático na utilização global do glifosato provavelmente irá contribuir para uma série de consequências adversas para a saúde pública e ambiental," escreveu a equipe.

Geneticamente resistentes ao herbicida

O glifosato foi vendido comercialmente pela primeira vez em 1974, mas sua utilização pelos agricultores foi limitada inicialmente porque o ingrediente ativo matava tanto as ervas daninhas quanto as plantas cultivadas.

O desenvolvimento posterior e a aprovação das culturas geneticamente modificadas (GM) e tolerante a herbicidas (TH) mudou dramaticamente a forma como os agricultores podiam aplicá-lo. A partir de 1996, a Monsanto e outras empresas de sementes começaram a comercializar versões GM-TH de três culturas essenciais - algodão, milho e soja - tornando possível para os agricultores aplicarem o glifosato por meses depois que as culturas começaram a crescer.

O uso e eficácia da tecnologia TH, particularmente em sua primeira década, levou à sua adoção rápida e quase universal. Globalmente, o uso total de glifosato aumentou de 51 milhões de kg em 1995 para 748 milhões em 2014, um salto de quase 15 vezes.

Surpreendentemente, 74% de todo o glifosato pulverizado sobre as plantações desde meados da década de 1970 foi aplicado apenas nos últimos 10 anos, conforme o cultivo de culturas geneticamente modificadas de milho e soja explodiu no mundo todo.

Agricultura dando errado

"Este relatório deixa claro que o uso do glifosato, combinado com o domínio das culturas geneticamente modificadas, gerou uma ameaça iminente de saúde pública, tanto nos EUA como em todo o mundo," disse Mary Ellen Kustin, analista da entidade Environmental Working Group (EWG).

"Os agricultores têm pulverizado milhões de litros de um produto químico considerado um provável carcinogênico humano ao longo da última década. Os agricultores pulverizam o glifosato várias vezes por ano na maioria das terras cultiváveis norte-americanas. O volume de uso deste herbicida tóxico é uma indicação clara que esta dependência química é um caso da agricultura dando errado," concluiu Kustin.

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Contaminação

Câncer

Ética

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.