Genes ativos após a morte
Cientistas descobriram que centenas de genes são ativados quando um ser vivo morre, ficando ativos de forma ordenada até 48 horas após a morte - em casos mais específicos alguns genes ficaram ativos por até quatro dias.
Ou seja, quando um médico declara que uma pessoa está morta, algo no corpo parece ainda estar vivo e ter energia suficiente para ficar ativo de forma ordenada por vários dias.
Essa descoberta de que muitos genes ainda estão trabalhando até 48 horas após a morte tem implicações para o transplante de órgãos, para a ciência forense e até para a própria definição de morte.
Os genes ativos post-mortem podem ajudar a explicar, por exemplo, porque há tantos casos de câncer entre os pacientes que recebem transplantes, sobretudo de fígado.
Genes do nascimento e da morte
Cientistas da Universidade de Granada (Espanha) descobriram recentemente uma série de genes ativos em cadáveres humanos mais de 12 horas após a morte.
Para tentar elucidar a questão de forma detalhada, uma equipe liderada por Alexander Pozhitkov, da Universidade de Washington (EUA), analisou sistematicamente cerca de 37 mil genes de camundongos e peixes.
Eles identificaram 548 genes que se tornaram ativos nos peixes após sua morte, e 515 genes nos camundongos na mesma situação. Esses genes entram em atividade ordenada após a morte, com picos e vales de atividade, e não no movimento caótico de desativação por que passam os demais genes após a morte do animal.
O mais surpreendente é que vários deles são genes ativados durante o desenvolvimento fetal ou após o nascimento, enquanto outros vinham sendo associados ao câncer. O pico de atividade desse conjunto de genes ocorre 24 horas após a morte.
Definição de morte
Embora o assunto só agora comece a ser estudado em detalhes, as conclusões já levantam importantes questões sobre as atuais definições de morte, normalmente estabelecida como cessação dos batimentos cardíacos, da respiração ou da atividade cerebral.
"Claramente, estudar a morte irá nos fornecer novas informações sobre a biologia da vida," avalia o professor Peter Noble, membro da equipe.
Os artigos descrevendo as descobertas foram publicadas no repositório BioRxiv.
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