Em vez de tomar remédios, que tal ter uma fábrica de medicamentos dentro do próprio corpo?
Esta é a ideia da equipe do Dr. Alexander Zelikin, da Universidade de Aarhus (Dinamarca).
Mas não se preocupe: a biofábrica será feita de gel, para durar apenas o suficiente para tratar a doença específica para a qual ela foi projetada, e poderá ser injetada ou implantada.
As minúsculas fábricas serão feitas de hidrogel, que é fundamentalmente uma mistura de água e polímeros com características similares à gelatina.
O hidrogel funcionará tanto como estrutura da biofábrica, quanto como suporte para as enzimas necessárias para produzir os medicamentos.
Pró-drogas
O princípio é muito similar ao funcionamento de muitos medicamentos, de um tipo conhecido como pró-drogas. Eles são feitos de substâncias inativas, que são convertidas em substâncias ativas por enzimas já dentro do corpo.
A aspirina, por exemplo, é uma pró-droga, que só funciona quando o ácido acetilssalicílico é convertido pelo fígado em ácido alicílico.
"O problema com este tipo de pró-droga, no entanto, é que, após a conversão, elas geralmente são enviadas para o sangue no corpo inteiro, de modo que apenas uma fração atinge o lugar que dói. Este problema pode ser resolvido criando pró-fármacos que só podem ser transformados por enzimas específicas - e, em seguida, colocando estas enzimas no lugar específico do corpo que precisa do medicamento," explica Zelikin.
O projeto pretende construir dois tipos de fábricas de medicamentos implantáveis: a primeira será um stent, do tipo que usado em pacientes com bloqueio na artéria coronária, que se transformará em uma fábrica de medicamentos específicos para o tratamento da condição cardíaca.
O segundo tipo será constituído por pequenas partículas, que inicialmente poderão ser utilizadas para o tratamento de doenças como o câncer. As partículas produzirão tanto medicamentos, quanto agentes de contraste usados em exames, de modo que elas poderão ser usadas simultaneamente para tratamentos e diagnósticos.
O conceito é tão promissor que o Conselho de Pesquisas da União Europeia ofereceu um financiamento de €2 milhões para que Zelikin transforme seus primeiros experimentos em uma realidade prática.
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