16/05/2013

Embrião humano é clonado pela primeira vez

Redação do Diário da Saúde

Mais de quinze anos depois da ovelha Dolly, o sonho - ou o pesadelo - de clonar um embrião humano acaba de se tornar realidade.

Em 2005, o cientista sul-coreano Woo Suk Hwang afirmou ter conseguido clonar células humanas, mas depois descobriu-se que seus dados eram falsos.

Em 2011, outra equipe criou células-tronco embrionárias humanas, mas os óvulos resultantes eram inviáveis, e não poderiam ser usados para clonagem.

Agora, Shoukhrat Mitalipov e Paula Amato, da Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, nos Estados Unidos, afirmam ter usado o DNA coletado de células da pele humana para criar células-tronco embrionárias, capazes de se transformar em qualquer outro tipo de célula no corpo.

A técnica é uma variação de um método comumente usado, chamado transferência de núcleo de célula somática, a mesma usada para clonar a ovelha Dolly, que morreu prematuramente.

A clonagem consiste no transplante do núcleo de uma célula, contendo o DNA de um indivíduo, em um óvulo que teve seu próprio material genético retirado.

O óvulo não fertilizado, então, se desenvolve e eventualmente produz células-tronco e, daí, pode se desenvolver normalmente.

O resultado prático é que torna-se possível clonar um ser humano, o que os cientistas afirmam não ser seu objetivo.

"Nossa pesquisa é direcionada para gerar células-tronco para uso em futuros tratamentos para combater doenças," disse o Dr. Mitalipov.

"Embora os avanços da transferência nuclear frequentemente levem à discussão pública sobre a ética da clonagem humana, este não é nosso foco, e nós não acreditamos que nossos resultados possam ser usados por outros [pesquisadores] para a clonagem reprodutiva humana."

Ética e clonagem humana

O argumento dos cientistas é que essas células-tronco poderiam ser utilizadas em pesquisas ou em terapias celulares sem as questões éticas envolvidas com a utilização de embriões naturais, abandonados em procedimentos de fertilização artificial.

Contudo, a falta de resultados mais consistentes e amplos das pesquisas com células-tronco - a maioria produz tumores, em vez dos tão esperados novos tecidos e órgãos sadios - deixou o caminho livre para a manifestação não apenas dos setores mais conservadores da sociedade, como também de membros da própria comunidade científica.

Entre os cientistas, a crítica é que outras fontes de células-tronco, não oriundas da clonagem humana, podem ser mais fáceis de obter, mais baratas, e menos sujeitas a controvérsias com a sociedade.

Por exemplo, o Prêmio Nobel de Medicina do ano passado foi concedido a pesquisas com células-tronco reprogramadas a partir de células adultas - as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas, ou iPS.

Esta é uma técnica que vem sendo preferida pelos cientistas há mais de 10 anos, uma linha de pesquisas que surgiu justamente como alternativa devido à rejeição da clonagem pela sociedade, em vistas do risco da clonagem humana.

Os argumentos dos autores da descoberta, sobre o não-uso de seus resultados para fins que eles não desejam, soam parecidos com os pedidos ingênuos de Santos Dumont para que o avião não fosse usado na guerra, ou mesmo patéticos como o pedido de Robert Oppenheimer para que o presidente Truman não usasse a bomba atômica que ele próprio havia criado.

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