Efeitos colaterais de antibióticos
A luta contra o uso indiscriminado de antibióticos, que levou ao desenvolvimento da resistência das bactérias a esses medicamentos, ganhou recentemente um argumento de peso - um argumento não necessariamente muito desejado.
Ocorre que uma série de cientistas e médicos estão vindo a público - e publicando artigos em revistas científicas - para alertar que os antibióticos também trazem consigo o risco de causar danos a pacientes individuais, incluindo as crianças.
Apenas nas últimas semanas houve um alerta de que a percepção incorreta sobre os antibióticos atinge tanto médicos quanto pacientes, um estudo mostrando uma relação inesperada entre antibióticos e vírus, uma denúncia sobre a prescrição inadequada de antibióticos para crianças hospitalizadas e até um alerta mais direto contra a ciprofloxacina.
Agora, uma nova análise publicada pela Sociedade de Doenças Infecciosas Pediátricas mostra que os antibióticos causam cerca de 70.000 atendimentos de emergência a crianças a cada ano apenas nos Estados Unidos. Os dados, cobrindo de 2011 a 2015, revelam que a principais causas para a ida ao pronto-socorro foram as reações alérgicas.
"Para os pais e outros cuidadores de crianças, essas descobertas são um lembrete de que, embora os antibióticos salvem vidas quando usados apropriadamente, os antibióticos também podem prejudicar as crianças e só devem ser usados quando necessário," disse a Dra Maribeth Lovegrove, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. "Para os prestadores de cuidados de saúde, estes resultados são um lembrete de que os efeitos adversos dos antibióticos são comuns e podem ser clinicamente significativos e gerarem consequências para os pacientes pediátricos".
Efeitos colaterais de antibióticos
A maioria dos atendimentos de emergência (86%) ocorreu devido a reações alérgicas aos antibióticos, como erupções cutâneas, prurido (coceira) ou angioedema (inchaço grave sob a pele). O risco de ida ao pronto-socorro variou de acordo com a idade da criança e o tipo de antibiótico, mas, para a maioria dos antibióticos, crianças com 2 anos ou menos apresentaram o maior risco de um evento adverso ao medicamento - 41% dos atendimentos de emergência envolveram crianças nessa faixa etária.
A amoxicilina foi o antibiótico mais comumente envolvido em eventos adversos entre crianças com 9 anos ou menos, enquanto o sulfametoxazol/trimetoprim foi mais comumente implicado entre crianças e jovens de 10 a 19 anos de idade.
Os antibióticos estão entre os medicamentos mais comumente prescritos para as crianças, mas pesquisas anteriores já sugeriram que quase um terço, se não mais, de prescrições pediátricas para antibióticos feitas pelos médicos em ambulatório são desnecessárias.
Os esforços para reduzir a prescrição excessiva de antibióticos vêm se concentrando amplamente na tentativa de redução da resistência aos antibióticos. No entanto, parece que nem os riscos para os pacientes, e nem esses riscos sociais de longo prazo, estão sendo priorizados quando os médicos tomam decisões sobre o tratamento, escreveu a equipe em seu artigo no Journal of the Pediatric Infectious Diseases Society.
"Considerando os dados disponíveis sobre os riscos imediatos para pacientes individuais, médicos, pais e cuidadores, podem pesar melhor os riscos e benefícios do tratamento com antibióticos," disse Lovegrove.
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