Esperanças
Duas descobertas anunciadas nesta semana, feitas por duas equipes independentes, trouxeram novas esperanças para lidar com o câncer mais comum entre os homens: o câncer de próstata.
Inibidor da metástase
A metástase, ou propagação de um tumor do local de origem para outros órgãos, causa mais de 90% das mortes relacionadas ao câncer. Apesar disso, a ciência pouco compreende ainda os mecanismos moleculares por trás da metástase.
A equipe do Dr. Dean Tang, do Instituto do Câncer Roswell Park (EUA), descobriu que, surpreendentemente, apenas alguns poucos miRNAs são comumente deficientes ou não expressos em células-tronco do câncer de próstata - MicroRNAs (miRNAs) são pequenas moléculas genéticas que desempenham um papel essencial na regulação de muitos aspectos do comportamento das células cancerígenas.
Ao pesquisar cada uma dessas moléculas, a equipe descobriu que especificamente uma delas, chamada miR-141, não só inibiu o crescimento tumoral, como também retardou significativamente a metástase do câncer em vários modelos pré-clínicos de câncer de próstata.
Juntando este resultado com o que já se sabia sobre essa molécula, cuja forte capacidade de supressão tumoral já havia sido demonstrada, agora a miR-141 passa a ser uma candidata de primeira linha para atuar como inibidor do câncer e da metástase do câncer de próstata.
O principal objetivo agora é tentar formular uma miR-141 sintética que possa ser aplicada como um substituto terapêutico para inibir a metástase.
Exame para prever metástase
O outro resultado veio pelas mãos de uma equipe internacional, com pesquisadores da Universidade de Adelaide (Austrália), Michigan, Johns Hopkins e Clínica Mayo (EUA) e Centro de Próstata de Vancouver (Canadá).
Aqui o destaque foi dado à miR-194, que promove a metástase do câncer inibindo uma proteína-chave chamada SOCS2. Ou seja, a SOCS2 pode suprimir a propagação das células cancerosas.
"Em trabalhos anteriores, nós descobrimos que um alto nível de miR-194 no sangue de um paciente estava associado a uma rápida recaída do câncer de próstata após a remoção cirúrgica do tumor," explicou o Dr. Luke Selth, coordenador da equipe. "Este novo trabalho explica por que a miR-194 está associada com problemas, e no processo revelamos um caminho completamente novo que regula a metástase do câncer de próstata."
A primeira aplicação que se tem em mente deste resultado é que medir o nível de miR-194 no sangue de um paciente pode indicar a probabilidade e o risco de que o câncer se espalhe. Desta forma, pacientes com níveis elevados de miR-194 no sangue poderiam receber tratamentos mais agressivos. É justamente no desenvolvimento desse exame que a equipe se propõe a trabalhar agora.
O Dr. Selth acrescenta que a miR-194 também representa um potencial alvo terapêutico: "Atualmente, não há drogas que efetivamente inibam a propagação do câncer de próstata. Propomos que a inibição da miR-194 poderia reduzir as taxas de metástase em pacientes com doença agressiva, mas o desenvolvimento de uma droga para atingir esse objetivo ainda está distante no futuro."
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