12/05/2017

Cientistas anunciam droga maravilhosa contra neurodenegeração

Com informações da BBC
Cientistas anunciam
A professora Giovanna Mallucci diz estar entusiasmada com a descoberta, devendo iniciar testes em pacientes imediatamente.
[Imagem: MRC]

Resultados com medicamentos

Cientistas anunciaram ter descoberto um fármaco que, segundo eles, poderá interromper todas as doenças neurodegenerativas do cérebro, incluindo os vários tipos de demência.

Em 2013, uma equipe da Universidade de Leicester (Reino Unido) conseguiu pela primeira vez interromper a morte de células cerebrais em animais de laboratório, um resultado que virou manchete em todo o mundo.

Infelizmente, o composto utilizado não se mostrou apropriado para uso em humanos, causando danos aos órgãos.

Agora, a mesma equipe identificou duas novas substâncias que apresentaram o mesmo efeito protetor sobre o cérebro nos experimentos com animais, mas com a vantagem de que ambas já são usadas com segurança como medicamento.

"É realmente emocionante," disse a professora Giovanna Mallucci, do Conselho de Pesquisas Médicas do Reino Unido, que chamou o tratamento experimental de "droga maravilhosa".

Ela pretende iniciar ensaios clínicos das duas substâncias em pacientes com demência em breve e espera ter uma resposta definitiva se os medicamentos funcionam mesmo dentro de dois a três anos.

Ponto de inflexão... mas ainda tóxico

Desde 2013, a equipe testou mais de 1.000 drogas prontas em vermes de laboratório (nematódeos), células humanas e camundongos. Duas delas mostraram-se capazes de evitar tanto uma forma de demência quanto uma doença priônica, nos dois casos interrompendo a morte das células cerebrais.

As duas substâncias são: trazodona, usada por pacientes com depressão, e DBM, que está sendo testada em pacientes com câncer.

Os pesquisadores usaram ambas para fazer um composto, que conseguiu interromper a progressão da doença de príons nos camundongos - é a primeira vez que uma doença neurodegenerativa foi interrompida em qualquer animal. Experimentos posteriores mostraram que a abordagem poderia interromper uma série de doenças degenerativas.

Os resultados foram descritos como um "ponto de inflexão" para o campo das neurociências - ainda que o composto usado nos experimentos em animais tenha se mostrado tóxico para o pâncreas.

Mecanismo da neurodegeneração

A nova abordagem é focada nos mecanismos naturais de defesa incorporados nas células cerebrais. Quando um vírus sequestra uma célula cerebral ele gera um acúmulo de proteínas virais. As células respondem desligando quase toda a produção de proteínas, a fim de interromper a propagação do vírus.

Várias doenças neurodegenerativas envolvem a produção de proteínas defeituosas que ativam as mesmas defesas, mas com consequências mais graves: as células cerebrais interrompem a produção por tanto tempo que acabam morrendo de fome.

Este processo, repetido em neurônios por todo o cérebro, pode destruir o movimento, a memória ou mesmo matar, dependendo da doença. Os cientistas acreditam que isso ocorre em muitas formas de neurodegeneração, de modo que interromper esse processo com segurança poderia representar um tratamento para uma ampla gama de doenças.

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