Epidemia de diarreia
O médico do Departamento de Epidemiologia da Universidade de São Paulo (USP) Eliseu Alves Waldman disse à BBC Brasil que é "pouco provável que não haja uma epidemia diarreica" no Haiti, que se recupera do terremoto que deixou boa parte do país em ruínas.
Segundo ele, a epidemia é provável porque o país já não tinha uma infraestrutura adequada de saneamento e saúde, e o tremor agravou ainda mais essa situação.
"Devemos levar em consideração que a situação antes do desastre já era precária. Agora, se agrava o problema de assistência médica e hospitalar e o acesso a água potável. O povo haitiano está dependendo exclusivamente da ajuda externa", disse.
Acesso a água potável
A diretora da ONG Médicos Sem Fronteiras no Brasil, Simone Rocha, diz que o acesso a água limpa é crucial para garantir a saúde dos sobreviventes.
"A situação mais importante e que deve ser contornada o mais rápido possível é o acesso à água potável para evitar doenças como diarreia e disenteria", disse.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que apenas um em cada dois haitianos tinha acesso à água potável antes do desastre e somente 19% tinham acesso ao sistema de saneamento básico.
Mortalidade infantil
De acordo com Waldman, caso não seja prevenida, a epidemia de diarreia pode gerar ainda outro problema para os haitianos: o aumento da mortalidade infantil.
O epidemiologista explica que isso pode ocorrer porque o Haiti registrava altos índices de desnutrição infantil antes do terremoto. Dados da UNICEF indicam que em todo país, 3,8 milhões de pessoas sofrem de desnutrição.
Segundo Waldman, o problema é que a diarreia, além de atingir mais as crianças que os adultos, ainda intensifica os sintomas da desnutrição, potencializando os riscos de aumento da mortalidade infantil.
"A falta de água e a eventual epidemia diarreica podem piorar ainda mais a situação, que já é gravíssima", afirmou.
Outras epidemias
Os especialistas afirmam que os riscos de outras doenças e epidemias entre a população atingida pelo terremoto podem ser determinados pela taxa de vacinação anterior ao desastre.
Segundo Waldman, a incidência de sarampo, rubéola e poliomielite estão entre as doenças que podem ser prevenidas com vacinas, mas que a ausência de vacinação pode, nesse caso, gerar uma epidemia dessas doenças em médio prazo.
Rocha cita também o risco de doenças típicas de locais com grande concentração de pessoas, como infecções respiratórias que podem ser simples ou mais graves, como pneumonia e tuberculose.
"É essencial dar atenção especial aos problemas da água e do saneamento, e também abrigar pessoas, que estão dormindo ao relento, nas ruas. Proporcionar abrigo também pode prevenir doenças", disse a diretora da MSF.
Apesar da preocupação com as epidemias, Rocha afirma que, nessa primeira fase de ajuda, os agentes da ONG se concentrarão em problemas mais urgentes como traumas, fraturas e cirurgias.
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