06/07/2017

Decisões médicas na atenção primária carecem de bases científicas?

Redação do Diário da Saúde
Decisões médicas na atenção primária carecem de bases científicas?
Segundo o pesquisador, a atenção primária não conta com pesquisas suficientes para que os clínicos gerais atendam os pacientes com base nas melhoras evidências científicas.
[Imagem: Cortesia UCLA Health System]

Diagnósticos sem evidências

Se você acredita que os médicos sempre se baseiam nos sintomas e nas mais recentes descobertas sobre as doenças para fazerem seus diagnósticos, talvez se assuste com os resultados obtidos pela equipe do professor Mark Ebell, da Universidade da Geórgia (EUA).

Ele descobriu que os médicos de primeiro atendimento - os clínicos gerais ou aqueles que trabalham em pronto-atendimentos - têm grandes dificuldades em encontrar evidências que deem suporte às suas decisões clínicas - em outras palavras, de justificar o diagnóstico que acabaram de fazer.

Em uma análise que abrangeu 721 tópicos, apenas 18% das recomendações clínicas puderam ser consideradas como baseadas em evidências de qualidade e orientadas para os melhores resultados para o paciente.

"A pesquisa feita no ambiente de atenção primária, que é onde a maioria dos pacientes ambulatoriais são vistos, está gravemente subfinanciada, e isso é parte da razão pela qual há uma grande quantidade de recomendações que não são baseadas no mais alto nível de provas," disse Ebell.

Desatenção com a saúde primária

Segundo o pesquisador, a falta de investimentos na atenção primária contrasta com seu uso em todo o sistema de saúde. Nos EUA, onde a pesquisa foi feita, mais da metade das visitas ao consultório médico ocorre nesses serviços ambulatoriais.

Assim, não se deve considerar que os médicos de cuidados primários tratem apenas de tosses ocasionais ou febre - eles também lidam com tratamentos de doenças crônicas e outras complicações, para os quais parecem não estar adequadamente preparados ou simplesmente não contam com evidências de qualidade, disse Ebell.

Assim, ele credita essa baixa qualidade do atendimento à falta de investimentos, não apenas na capacitação dos clínicos gerais, mas também na realização de estudos científicos que comparem as diversas abordagens possíveis para um primeiro atendimento eficaz.

Benefícios versus danos

Ebell afirma que pacientes com pressão arterial elevada, diabetes, doenças cardíacas e colesterol elevado geralmente caem nas mãos dos médicos de primeiro atendimento, que não têm condições de acompanhar as melhores práticas nessas áreas, onde há muitas abordagens diferentes para o tratamento.

Portanto, é essencial, disse o médico, entender qual abordagem "tem a maior chance de proporcionar benefícios e minimizar danos, e a única maneira de realmente saber disso é realizar estudos bem projetados" sobre esses casos e como cada um deve ser encaminhado.

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