Bebê saído da UTI
Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP revela as dificuldades e vulnerabilidades enfrentadas pelas famílias de prematuros egressos de Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).
O estudo evidencia a necessidade de ampliação do cuidado, a importância da longitudinalidade da atenção à saúde e da integração entre os saberes técnico-científicos e os práticos.
"Mesmo tendo passado seus primeiros dias em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal e adquirido condições de sobreviver fora do ambiente hospitalar, essas crianças precisam de cuidados integrais e contínuos, em especial na interação entre família e serviços de saúde", recomenda a enfermeira Cláudia Silveira Viera, autora do estudo que foi premiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 2009.
Bebês prematuros
O estudo teve como objetivo compreender as experiências de famílias de crianças pré-termo (prematuros) e de baixo peso ao nascer, egressas de UTIN, no cuidado após a alta hospitalar.
A ideia, segundo a pesquisadora, é oferecer subsídios ao cuidado de enfermagem tanto na área hospitalar quanto na atenção básica em saúde.
Os avanços tecnológicos alavancaram a melhoria da assistência nessas unidades e hoje é maior o número de recém-nascidos pré-termo e de baixo peso que sobrevivem.
Consolidar o SUS
Cláudia fez a pesquisa com 16 integrantes de seis famílias na cidade de Cascavel, no interior do Paraná. Para ela, é importante uma reconstrução das práticas de saúde em vários âmbitos.
"O profissional da saúde precisa avaliar a criança e conhecer sua família para ultrapassar o conhecimento técnico e incorporar a integralidade do cuidado. Só assim, vai vencer as barreiras apresentadas nos serviços de saúde, que precisam estar inseridos em rede para consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS)", avalia.
Cuidados com prematuros
As famílias dessas crianças, principalmente as mães, apresentam dificuldades com a rotina de cuidados, amamentação, alimentação, higiene, observação de sinais e sintomas, uso de medicamentos, os retornos aos serviços de saúde e, ainda, insegurança e receios com a prematuridade.
Esses aspectos podem comprometer o desenvolvimento e crescimento da criança prematura e de baixo peso, porque contribuem para a não detecção precoce de distúrbios e a não adesão ao acompanhamento à saúde, além de levar a morbimortalidade. Por isso, os serviços de saúde precisam se organizar em rede e oferecer um seguimento qualificado, com maiores interfaces entre os serviços especializados e a atenção básica.
De acordo com a professora Débora Falleiros de Mello (EERP), orientadora da pesquisa, o sistema de saúde ainda tem lacunas para atender essa clientela, que são crianças com características específicas.
"O acompanhamento dessas crianças após a alta da UTIN é uma estratégia relativamente recente no nosso País e que ainda não está amplamente fortalecida. Particularmente na enfermagem brasileira, onde as experiências para o seguimento de pré-termos e egressos da UTIN têm sido pouco divulgadas e restritas a determinados serviços. É preciso que se amplie as discussões do ponto de vista de um cuidado integral à saúde da criança e sua família", afirma a orientadora.
UTI neonatal
O primeiro contato com um dos membros da família foi realizado ainda na UTIN, em geral com a mãe.
Após a alta, as famílias que consentiram participar da pesquisa foram visitadas e as mães indicavam as pessoas significativas para ela e para o cuidado com o seu filho, tais como pais, irmãos, tios, tias, avós e vizinhos. As visitas aconteceram a partir da primeira semana após a alta hospitalar, semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente no segundo mês e uma no terceiro mês.
Participaram bebês com idade gestacional menor que 37 semanas e baixo peso ao nascer. Foram realizadas entrevistas gravadas e observação participante com registros em diário de campo.
Como cuidar do filho em casa
A questão norteadora da pesquisa foi: "como tem sido cuidar do seu filho em casa?".
Na cidade de Cascavel está sendo implementado o seguimento de enfermagem junto à equipe do Hospital Universitário para atendimento das crianças pré-termo e de baixo peso após a alta hospitalar.
"O atendimento proposto inclui visitas com orientações e intervenções, avaliação das necessidades das famílias e do bebê, comunicação interinstitucional com os profissionais da atenção básica e outros setores sociais".
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Cuidados com o Recém-nascido | Gravidez | Atendimento Médico-Hospitalar | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.