30/01/2020

Creme para pele aplicado em picadas de mosquito impede infecção de vírus

Redação do Diário da Saúde
Creme para pele aplicado em picadas de mosquito impede infecção de vírus
Imagem de cérebros de camundongos infectados com um vírus transmitido por mosquitos (vírus da Floresta Semliki). A cor rosa mostra a extensão da infecção pelo vírus sem tratamento com creme para a pele (esquerda) e com tratamento (direita).
[Imagem: Steven R. Bryden et al. - 10.1126/scitranslmed.aax2421]

Creme pós-picada

Pode estar surgindo uma alternativa ao nem sempre eficazes repelentes de insetos, além de uma nova maneira de impedir infecções virais por doenças graves, como zika, dengue e chikungunya.

Um creme para a pele que estimula o sistema imunológico protegeu animais de laboratório da infecção por vários vírus que são transmitidos pelas picadas de mosquitos.

Se aprovado para uso humano, ele promete ajudar a reduzir a propagação de vírus transmitidos por mosquitos e pernilongos, que infectam centenas de milhões de pessoas a cada ano.

O creme, que contém o medicamento imiquimod, já está licenciado para o tratamento de verrugas genitais e uma condição rara da pele chamada queratose actínica, mas ainda não foi testado em humanos para uso em picadas de mosquito.

O creme funciona ativando rapidamente as respostas imunológicas locais na pele, o que impede que o vírus se espalhe para o resto do corpo.

Proteção contra vírus transmitidos por mosquitos

Steven Bryden e seus colegas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, começaram os testes com o vírus Semliki Forest, um vírus transmitido por mosquitos que causou surtos na África. Em alguns experimentos, eles injetaram os vírus diretamente nos locais de picadas de pernilongo para garantir a infecção.

Sete dos 11 camundongos cujas picadas de mosquito foram tratadas com o creme para a pele sobreviveram à infecção. Nenhum dos outros 11 camundongos que não receberam o creme sobreviveu à infecção.

O creme para a pele também limitou a propagação do vírus chikungunya e outro vírus transmitido por mosquitos, chamado Bunyamwera orthobunyavirus, sugerindo que o tratamento pode funcionar contra muitos vírus transmitidos por mosquitos.

"Foi uma grande surpresa que a simples aplicação de um creme pudesse ter um efeito tão dramático," disse o professor Clive McKimmie.

Creme antiviral

A aplicação do creme para a pele protegeu os animais contra o vírus mesmo quando aplicado até cinco horas após a picada do pernilongo.

O creme também limitou a disseminação dos vírus zika e chikungunya em amostras de tecido de pele humana testadas em laboratório, sugerindo que essa abordagem também pode funcionar em pessoas.

A equipe pretende agora realizar testes de segurança em humanos. Mas, como o medicamento já foi aprovado para uso humano, o creme antiviral poderá ser aprovado de forma relativamente rápida.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Pan-viral protection against arboviruses by activating skin macrophages at the inoculation site
Autores: Steven R. Bryden, Marieke Pingen, Daniella A. Lefteri, Janne Miltenburg, Leen Delang, Sofie Jacobs, Rana Abdelnabi, Johan Neyts, Emilie Pondeville, Jack Major, Marietta Müller, Henna Khalid, Andrew Tuplin, Margus Varjak, Andres Merits, Julia Edgar, Gerard J. Graham, Kave Shams, Clive S. McKimmie
Publicação: Science Translational Medicine
Vol.: 12, Issue 527, eaax2421
DOI: 10.1126/scitranslmed.aax2421
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