Saberes que se atualizam
Frequentemente novas pesquisas sobre os fatores de risco para as doenças cardiovasculares - e muitas outras - questionam o "saber científico" estabelecido, trazendo conclusões novas, o que tende a confundir as pessoas sobre o que está de fato comprovado em relação ao tema.
É o caso de se considerar benéfico, por exemplo, o consumo de gordura saturada.
"Há grandes trabalhos em grandes revistas [científicas] mostrando que, às vezes, o consumo de uma dieta rica em gordura não afeta substancialmente os níveis de colesterol [e não necessariamente] leva ao infarto do miocárdio," explicou o professor Dennys Esper Cintra, do Centro de Estudos de Lipídios em Nutrigenômica, da Unicamp, durante um evento que apresentou um painel das pesquisas mais recentes sobre o assunto.
É o que acontece com pessoas que não estão hipertensas e nem têm níveis alterados de gordura no sangue, assim como não apresentam resistência à insulina.
Assim como o consumo de gordura saturada, há trabalhos recentes e com bastante repercussão, que dizem respeito a outros fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como a obesidade, o diabetes ou a hipertensão.
"Obesidade, por definição, faz mal para o coração. Quando discutimos exceções é porque existe um subgrupo de pessoas com obesidade que tem uma distribuição benéfica da gordura e do tecido adiposo funcional sem repercussões negativas para o coração," defendeu o professor Bruno Geloneze. Isto porque a obesidade dispara um processo de inflamação sistêmica que acabará trazendo problemas de saúde.
Magro doente e obeso saudável
Segundo o professor Geloneze, o subgrupo de pessoas aparentemente não afetadas é composto em geral por mulheres jovens, com acúmulo de gordura no quadril e que não têm um antecedente familiar de doença cardiovascular: "São pessoas que vão acumular gordura apenas onde pode e não vão promover inflamação subclínica crônica e nem resistência à insulina. Essa seria a forma benigna da obesidade". Outro subgrupo "protegido" da insuficiência cardíaca seria o de pessoas idosas, que estão perdendo massa muscular e acumulam gordura no corpo em pontos onde ela pode ser benéfica.
No extremo oposto, salientou Geloneze, existe a forma não benigna da magreza: "São as pessoas que têm baixo peso mas, quando ganham peso, acabam acumulando gordura no fígado, em volta do coração, perto dos vasos sanguíneos. A pessoa tem uma tendência a não acumular gordura onde não haveria problemas, como nas coxas e quadris. Em geral são pessoas mais velhas, do sexo masculino e que acumulam gordura no tronco e no abdome. É aquele que diz não ser obeso, e que só tem barriga".
Portanto, existe o magro metabolicamente doente e o obeso metabolicamente saudável. "Isso confunde a população. Não podemos chegar na frente do obeso e verificar só o peso. Devemos entender os antecedentes da pessoa, se há histórico de doença vascular, pressão alta, ou seja, construir sua história clinica," disse Geloneze.
Os especialistas ainda orientam medir a circunferência do pescoço e do abdome e a resistência à insulina. De forma resumida, não é possível simplificar as coisas pela balança. Os riscos dependem sempre de onde a gordura se deposita.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Alimentação e Nutrição | Coração | Dietas e Emagrecimento | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.