20/12/2016

Controle químico do Aedes Aegypti é ineficaz, dizem cientistas

Redação do Diário da Saúde
Controle químico do Aedes Aegypti é ineficaz, dizem cientistas
Parece que a única forma de controlar o transmissor da dengue, zika e chikungunya é eliminar seus criadouros.
[Imagem: Fiocruz]

Nada funciona?

Em um resultado surpreendente, cientistas da Universidade Ânglia Oriental (Reino Unido) afirmaram não ter encontrado resultados cientificamente fundamentados para nenhuma das técnicas atualmente usadas para tentar controlar o pernilongo Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya

Na verdade, alguns métodos para controlar os mosquitos, como o fumacê, podem até ser contraproducentes.

A equipe do professor Paul Hunter varreu toda a literatura científica para analisar as várias estratégias de controle que foram testadas ao longo dos anos e as evidências do sucesso de cada uma. Os métodos examinados incluem controles biológicos, como a introdução, nas caixas d'água, de crustáceos ou peixes que comem as larvas dos mosquitos, controles químicos como pesticidas e larvicidas, e campanhas educacionais das comunidades.

Enquanto as intervenções biológicas parecem reduzir o número de insetos portadores dos vírus mais do que os controles químicos, a qualidade das evidências foi considerada fraca pela equipe.

Ineficácia do fumacê

Embora alguns estudos apresentassem resultados indicando que os inseticidas químicos e os larvicidas reduzem o número de mosquitos em até 76%, outros não mostraram uma redução significativa e os resultados globais em todos os estudos foram inconsistentes, disse a equipe. As evidências para a eficácia da pulverização química em torno das áreas domésticas também são fracas, não mostrando qualquer redução sustentada dos mosquitos.

"Embora as medidas químicas sejam amplamente utilizadas e presumidas como eficazes, consideramos a maior parte da evidência a favor da pulverização química como bastante pobre. Na verdade, há alguma evidência de que a pulverização pode ser contraproducente, pois gera uma falsa sensação de segurança, de tal forma que as pessoas já não se esforçam para remover os locais de reprodução dos mosquitos em torno da casa," disse o professor Hunter.

Controle dos criadouros

Atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda abordagens integradas, que combinem mais de um tipo de método de controle para combater todos os estágios de vida dos mosquitos, e que envolvam plenamente as comunidades, para controlar essas doenças.

Em particular, a OMS recomenda a eliminação dos criadouros de mosquitos como a intervenção mais eficaz para proteger as populações.

"Embora existam evidências limitadas relacionadas a campanhas integradas que combinem vários métodos de controle, a OMS está correta em reiterar que a intervenção mais eficaz é provavelmente a eliminação dos criadouros de mosquitos, o que requer campanhas educacionais sustentadas e contínuas," opinou o pesquisador.

Os resultados da meta-análise foram publicados na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.

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