Sinapses e idade
Conforme a idade avança, você já pode ter suspeitado corretamente que seu cérebro está mudando juntamente com o resto do seu corpo.
Pesquisadores foram buscar explicações para essas mudanças estudando o cérebro de cobaias em uma escala sem precedentes. No último número da revista Science, eles contam como conseguiram mapear as alterações moleculares no cérebro de 50 animais de laboratório até o nível das sinapses individuais.
E as sinapses mudaram ao longo da vida, sendo esta a causa mais provável das alterações no processamento de informações conforme envelhecemos.
"Essas mudanças na composição molecular são distribuídas por todas as regiões do cérebro e provavelmente influenciam nosso desenvolvimento cognitivo e nossa suscetibilidade a distúrbios cerebrais à medida que avançamos na idade," disse o professor Erik Fransén, do Instituto Real de Tecnologia (Suécia).
"Nós analisamos moléculas de bilhões de sinapses individuais no cérebro, desde os recém-nascidos até os mais velhos", acrescentou Fransén. "Encontramos uma variação notável nos tipos de sinapse. Diferentes regiões do cérebro têm tipos diferentes e esse mix de tipos muda à medida que envelhecemos".
Humanos
Extrapolando os resultados dos animais de laboratório, que vivem muito menos do que os humanos, os cientistas afirmam que, depois dos nossos 30 anos, nossas sinapses cerebrais se tornam menos diversas e as regiões se tornam mais semelhantes.
"Saber quais sinapses mudam com a velhice pode, por exemplo, dar pistas sobre por que esquecemos certas coisas, mas não outras," diz Fransén.
Diferenças no cérebro adulto
Usando informações dos experimentos sobre como as regiões cerebrais se desenvolvem, a equipe construiu um modelo de sinapses da região do cérebro chamada hipocampo, que é onde os cientistas acreditam que as memórias são formadas.
O modelo propõe que, na juventude, as composições das sinapses não são tão diferentes umas das outras. Mas, durante o amadurecimento, elas se tornam cada vez mais variadas. Após atingirem um patamar mais elevado durante a vida adulta (de cerca de 20 a 35 anos), o número de variantes de sinapses diminui novamente.
Assim, não se trata de algo como "perdas de sinapses" na velhice - é o cérebro adulto que parece apresentar um funcionamento típico.
De fato, o modelo também propõe que, no cérebro adulto, quando entradas separadas são enviadas para o cérebro, entradas diferentes produzem resultados diferentes. Por outro lado, no cérebro jovem ou envelhecido, os resultados se tornam mais semelhantes.
"Pode-se especular que a riqueza de diferenças na composição entre regiões do cérebro e idades está relacionada a uma adaptação evolutiva em que as demandas da criança, da juventude, do adulto e do idoso são todas diferentes," propõe o pesquisador. "O desenvolvimento das nossas sinapses mostra uma mudança contínua ao longo da vida."
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